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QUANTO É DOCE A MORTE DO JUSTO

  • Foto do escritor: Conteúdos Católicos
    Conteúdos Católicos
  • 18 de jun. de 2022
  • 6 min de leitura

Atualizado: 7 de out.

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"As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte". (Sap. 3, 1)



É assim: os tormentos, que na morte afligem os pecadores, não afligem os santos, porque já antes desse tempo deixaram pelo afeto os bens terrestres, consideraram as honras como fumo e vaidade e viveram desapegados dos parentes, amando-os só em Deus. D’outra parte, que felicidade morrer entregando-se nos braços de Jesus Cristo, que quis sofrer uma morte tão amarga, a fim de nos obter uma morte doce e cheia de consolação! Irmão meu, se na primeira noite a morte te colhesse, qual seria a tua morte, a do justo ou a do pecador?



É assim: os tormentos que na morte afligem os pecadores, não afligem os santos. “Não os tocará o tormento da morte”. Os santos não se abalam com esse ― “Parte, ó alma”, que tanto assusta os mundanos. Os santos não se afligem com o terem de deixar os bens da terra, porque nunca lhes tiveram o coração ligado. Deus é o Senhor do meu coração, diziam eles sempre, a minha porção é Deus para sempre. Sois felizes, escrevia o Apóstolo a seus discípulos que pela causa de Jesus Cristo tinham sido despojados de seus bens, sois felizes, porque suportastes com alegria a rapina dos vossos bens, sabendo que tendes um cabedal melhor e permanente.



Os santos não se afligem por deixarem as honras, porque desde muito as desprezaram e tiveram na conta do que efetivamente são, fumo e vaidade. Só estimaram a honra de amarem a Deus e de serem por Ele amados. Nem se afligem por deixarem os parentes, porque só os amaram em Deus; morrendo, recomendam-nos ao Pai celeste que os ama mais do que eles o podiam, e como esperam salvar-se, pensam que o melhor lhes poderão valer na pátria celestial do que ficando na terra. Em suma, o que disseram durante toda a vida: ― “Meu Deus e meu tudo”, repetem-no com mais consolação e ternura no momento da morte.



Quem morre no amor de Deus não se inquieta com as dores que acompanham a morte; antes, nelas se compraz pensando que a vida vai acabar e que depois não lhe resta mais tempo para sofrer por Deus e testemunhar-Lhe outras provas do seu amor. Por isso, oferece-Lhe com afeto e paz estes últimos restos da sua vida e consola-se unindo o sacrifício da sua morte ao sacrifício que Jesus Cristo ofereceu um dia por ele na Cruz ao seu eterno Pai. E assim morre feliz, dizendo: ― “Em paz dormirei Nele e repousarei”. Oh! Que felicidade morrer entregando-se e repousando nos braços de Jesus Cristo, que nos amou até à morte e quis sofrer uma morte tão dolorosa, a fim de nos obter uma morte doce e cheia de consolação! ― Meu irmão, quais seriam os teus sentimentos se tivesses de morrer neste instante?



Ó meu amado Jesus, que para me obter uma morte suave, quisestes sofrer uma morte tão cruel no Calvário, quando é que Vos verei? A primeira vez que Vos terei de ver, ver-Vos-ei como meu Juiz no próprio lugar em que expire. Que Vos direi então? Que me direis? Não quero esperar até então para pensar nisso; quero meditá-lo agora. Dir-Vos-ei:



Meu caro Redentor, sois Vós aquele que morreu por mim? Houve um tempo em que Vos ofendi; fui ingrato para Convosco e não merecia perdão; mas, ajudado pela Vossa graça, entrei em mim mesmo, e no resto da vida chorei os meus pecados, e Vós me haveis perdoado. Perdoai-me agora novamente, que estou a Vossos pés, e dai-me a absolvição geral das minhas faltas. Não merecia mais amar-Vos tendo desprezado o Vosso amor; mas pela Vossa misericórdia me tendes atraído o coração, o qual, se Vos não amou segundo o Vosso mérito, amou-Vos pelo menos sobre todas as coisas, deixando tudo para Vos agradar. Que me dizeis agora? Verdade é que gozar o paraíso e possuir-Vos no Vosso reino é uma felicidade grande demais para mim. Não tenho, porém, coragem de viver longe de Vós, mormente agora, que me deixastes ver o Vosso amável e belo rosto. Peço-Vos, pois, o paraíso, não para ter mais gozo, mas para melhor Vos amar.



Mandai-me para o Purgatório todo o tempo que Vos aprouver. Manchado, como ainda estou, não quero entrar nessa pátria de pureza e ver-me entre essas almas puras. Mandai-me ao Purgatório, mas não me expulseis para sempre da Vossa presença. Basta-me que no dia que Vos aprouver, me chameis ao paraíso para nele cantar eternamente as Vossas misericórdias. Por ora, ó meu amado Juiz, levantai a mão, abençoai-me e dizei-me que sou Vosso e que Vós Sois e Sereis sempre meu. Eu sempre Vos amarei, e Vós sempre também me amareis. Agora vou para longe de Vós, vou para o fogo; mas vou contente, porque vou para Vos amar, meu Redentor, meu Deus, meu tudo. Vou contente, sim; mas sabei que, enquanto estiver longe de Vós, a minha maior pena será esse apartamento. Vou Senhor, contar os instantes que decorrerão até que me chameis. Tende piedade de uma alma que Vos ama com todas as suas forças e deseja ver-Vos para melhor Vos amar.



É assim, Jesus meu, que espero então falar-Vos. Peço-Vos, entretanto, que me deis a graça de viver de modo que possa dizer-Vos então o que agora pensei. Dai-me a santa perseverança, dai-me o Vosso amor. Fazei-o pelo amor de Maria Santíssima.



Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I – Santo Afonso


Síntese do Conteúdo.

Análise Teológica e Estética do Texto “Quanto é doce a morte do justo”


O artigo “Quanto é doce a morte do justo”, publicada pelo grupo Conteúdos Católicos, é uma meditação profundamente espiritual inspirada nas obras de Santo Afonso, que propõe uma visão cristã da morte como ato final de amor e entrega. O texto se estrutura como uma reflexão devocional, entrelaçando doutrina, poesia e oração, com o objetivo de consolar, instruir e provocar conversão no leitor. O aspeto central da página é que a morte do justo não é um momento de terror, mas de repouso sereno nos braços de Cristo, fruto de uma vida desapegada dos bens terrenos e orientada pelo amor divino.


A argumentação se desenvolve a partir da citação bíblica de Sabedoria 3,1: “As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte.” A partir dessa afirmação, o texto constrói um contraste entre o fim dos pecadores e o dos santos. Os pecadores, ligados aos bens da terra, às honras e aos afetos mundanos, enfrentam a morte com angústia e desespero. Já os santos, que viveram desapegados, amando tudo em Deus e por Deus, enfrentam a morte com paz e consolação. A morte, para eles, é a última oportunidade de oferecer sacrifício, de unir-se à cruz de Cristo, e de testemunhar amor.


A linguagem utilizada é poética e afetiva, marcada por expressões como “Meu Deus e meu tudo”, que se repetem com ternura no momento da morte. O artigo assume um tom íntimo e confessional, como um colóquio entre a alma e Cristo, antecipando o encontro com o Juiz divino. Há uma alternância entre afirmações doutrinárias e interpelações pessoais, como “Meu irmão, quais seriam os teus sentimentos se tivesses de morrer neste instante?”, que provocam introspeção e envolvimento emocional.


A estética do texto reforça sua espiritualidade. As imagens evocadas, como repousar nos braços de Jesus, ver o rosto amável do Redentor, cantar eternamente as misericórdias no paraíso, criam um cenário celestial que transcende o medo da morte. A alma justa não deseja o céu por gozo, mas para amar melhor a Deus. E mesmo aceitando o purgatório como caminho de purificação, ela se consola por não estar separada da presença divina.


O artigo também cumpre uma função pastoral clara, convidar à conversão, à confissão, à perseverança. Ao imaginar o momento da morte como um diálogo com Cristo, o texto estimula o leitor a preparar-se espiritualmente, a viver de modo que possa dizer com verdade, no fim da vida, aquilo que agora medita. A súplica final “Dai-me a santa perseverança, dai-me o Vosso amor. Fazei-o pelo amor de Maria Santíssima”. encerra a reflexão com humildade e confiança.


Podemos concluir este artigo, mostrando uma obra de arte espiritual que une doutrina, beleza e emoção. Ela apresenta a morte não como fim, mas como plenitude, e convida o leitor a viver com os olhos voltados para o céu, desapegado da terra, para que no momento final possa repousar em paz, dizendo: “Em paz dormirei Nele e repousarei.”


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