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A Inquisição em seus aspectos positivos

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    Conteúdos Católicos
  • há 1 dia
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Divergem as opiniões dos historiadores sobre a conveniência e utilidade dos tribunais da Inquisição. No julgamento devemos omitir razões ditadas pelo sentimentalismo. Sem dúvida os métodos usados repugnam aos sentimentos de homens modernos, mas a mesma repugnância nos causam também os tribunais civis daqueles tempos, e contudo ninguém dirá que não deviam ter existido. Reprovamos a forma mas não a instituição, reconhecendo sua necessidade. Se a Inquisição não tivesse alcançado resultados úteis, pelo menos os melhores representantes da hierarquia eclesiástica teriam pedido sua abolição. Na realidade não se pode negar que, ao lado de efeitos prejudiciais, a Inquisição teve influência salutar.

Sem o esforço comum dos poderes secular e eclesiástico, o Ocidente cristão teria provavelmente terminado num caos de inúmeras seitas, de credos e tendências opostas, com todas as consequências de perseguições, ódios, assassínios, insurreições, guerras civis. Foram, como vimos, os inícios destes males que alarmaram os governos e conduziram à criação do órgão repressivo.

De modo semelhante fala o Dicionário de Teologia Católica: «Em vista do caráter antissocial dos cátaros e outros sectários, devemos reconhecer que a causa da ortodoxia não era outra senão a da civilização e do progresso. Se o catarismo se tornasse só igual ao catolicismo, os efeitos teriam sido desastrosos. Se o ascetismo que professavam se tornasse universal, devia levar à extinção da raça humana. Eles consideravam pecado qualquer esforço de melhoramento material, o que teria paralisado completamente o progresso da sociedade».


A seita anti-social dos cátaros desapareceu e da mesma forma foram supressas outras seitas.

Repetidas vezes neste estudo tivemos ocasião de focalizar como efeito benéfico o apaziguamento do povo e a preservação dos países latinos da invasão do protestantismo.

Na Antiguidade e Idade Média o cristianismo já tinha levantado a humanidade da profunda degradação do paganismo. Renascera a pureza dos costumes, a honradez e honestidade nas relações humanas, a dignidade da mulher, a liberdade pessoal. Garantindo a unidade da fé a Inquisição concorreu poderosamente ao progresso e brilho da cultura ocidental, à mais perfeita da história, da qual até hoje todos nós participamos.


Quando a Inquisição perdeu sua influência e se originou a grande cisão na fé que dividiu o Ocidente em dois campos, o católico e o protestante, os efeitos prejudiciais logo se manifestaram.

Além das guerras de religião já citadas, sintomas da decadência eram as desenfreadas perseguições das bruxas, pavorosa revivência das superstições e o declínio geral da religiosidade.

Aqui devemos considerar também uma opinião, expressa até por historiadores católicos.

Lamentam que a Igreja se tenha apresentado ao povo cristão com face tão sinistra, como perseguidora e opressora do homem humilde, gerando nele o pavor, a aversão à religião e o anticlericalismo.


Os fatos históricos, como vimos, provam o contrário. A aversão à religião verdadeira e o anticlericalismo encontravam-se, naquele tempo, precisamente entre os hereges, antes de qualquer ação inquisitorial. Foi o povo que com mais insistência, muitas vezes com fanatismo, reclamava a perseguição dos dissidentes e, vezes sem conta, se deixou arrastar a levantes sangrentos. Aplaudiu o tribunal da fé e aquietou-se com a sua aparição. Sentia-se seguro e protegido pela Inquisição. Os autos-de-fé eram realmente demonstrações entusiásticas de fé ardente. O povo afluía em massa para protestar sua fidelidade a Deus, à Igreja e à pátria. Muitos comparam os autos-de-fé com os congressos religiosos dos nossos dias. O próprio ato era uma festa religiosa.

O Santo Ofício é um produto do seu tempo. Contudo ele apresentou distintivos particulares, em que aparecem os efeitos do espírito clemente, humano, pedagógico e civilizador da religião cristã.

Sua tendência fundamental era medicinal, não vingativa. A reintegração do criminoso na sociedade humana, que muitos consideram uma conquista dos nossos dias, era a praxe antiquíssima e primordial da Igreja. «Pelo que se vê, desde o princípio, a Inquisição foi mais benévola e progressista do que os tribunais seculares, pois estes não davam ao réu a liberdade de reconhecer

seu extravio, enquanto aquela não entregava ao braço secular aqueles que abjuravam seu erro nas mãos do bispo, senão apenas os pertinazes, com o que subtraiu numerosos extraviados à prisão e até ao cadafalso, evitando a confiscação dos seus bens e por conseguinte a ruína e miséria de suas famílias» (Espasa).


O Dicionário de Teologia Católica acrescenta: «Em suma, podemos pensar que a instituição e o funcionamento dos tribunais da Inquisição realizavam um verdadeiro progresso nos costumes; não somente eles tinham acabado com a era das execuções sumárias, mas ainda tinham diminuído consideravelmente as condenações que rematavam com a pena de morte. Ademais, muitos condenados mereciam a morte por outros crimes de direito comum. A Inquisição só se explica e justifica pela mentalidade daqueles que representavam o poder civil e o poder religioso na Idade Média e pelo horror que lhes inspiravam o crime da heresia. Para compreender semelhante instituição é preciso formar-se uma alma ancestral».


Notemos que esta conclusão não é completa, lembrando só o horror da heresia e omitindo o grave dilema em que se achava o poder civil e religioso ou de sucumbir ou de reagir com todos os

meios possíveis.


CONFRONTO COM O MUNDO MODERNO


Vivemos numa época democrática que se gaba de ter dado às nações a liberdade social e pessoal. Tão hipnotizado é o homem moderno desta liberdade que a quer absoluta e se revolta

contra qualquer limitação. Proclama-se a liberdade política e chega-se ao extremo de exigir tolerância até para atividades francamente subversivas, permitindo greves políticas, calúnias contra os governos livres, doutrinação revolucionária das massas. O que acontecerá quando aquela semente medrar? Em flagrante contradição com o princípio exagerado da liberdade, quase todos os países livres admitem aquele partido que vê seu ideal na completa ditadura, nominalmente a ditadura do proletariado, na realidade uma oligarquia tirânica, que achou sua expressão inconfundível na Rússia, na China e países satélites. Nunca houve escravização tão completa como debaixo do jugo comunista e sua Inquisição moderna: a polícia secreta, prática sem proceder jurídico, torturas, execuções, morte lenta em campos de concentração numa extensão astronômica. Alucinados pela quimera de liberdade absoluta abrimos caminho e facilitamos o advento da nossa escravização. Assustados os propagandistas desta liberdade, que se enterra a si

mesma, já veem como em certas regiões o povo desnorteado chega à dominação pelas eleições democráticas. Porém não concluem que se deva dar cabo à desorientação sistemática do povo.

Exige-se hoje completa liberdade de opinião e de imprensa. Nenhuma polícia tem o direito de impedir os agitadores de toda espécie nas suas atividades, provocando o ódio dos operários contra

patrões, caluniando de imperialismo a economia livre. A licenciosidade pública, a imoralidade em recintos fechados, as exibições escandalosas e desmoralizadoras dos cinemas, rádio, televisão, vão aumentando num ritmo de avalanche devastadora. Só dois ou três decênios trouxeram mais depravação dos costumes do que muitos séculos anteriores.


Consideremos só um caso em que o Estado falta manifestadamente a seu dever de preservar o povo de influxos deletérios. Todos os homens sensatos concordam em que o espiritismo seja prejudicial, desmoralizador e povoador dos manicômios. Contudo permite-se que o povo ingênuo e ignorante seja afiliado em massa a este movimento pernicioso.

Finalmente observa-se friamente a apostasia da religião, como se sua falta não abrisse lacuna fatal na nossa cultura e civilização. É permitida toda a propaganda anti-religiosa e as difamações dos representantes das confissões religiosas.

Será certa ou só razoável esta orientação? Os nossos antepassados tinham opiniões diferentes.

Eles também queriam liberdade, mas uma liberdade produtiva, que dá paz à coletividade, eleva o homem e o dispõe corretamente para o fim da vida humana e a suas relações com o Criador. Na realidade os povos do passado viviam mais satisfeitos do que as massas de hoje.

Incrimina-se a ldade Média e os tempos subsequentes por terem praticado a crudelíssima cremação de homens vivos. Mas o que vimos em nossos dias? Durante a última guerra armaram-se tanques e soldados com os horríveis lança-chamas que acertavam suas vítimas a 80 ou 100 metros de distância. Esta arma infernal tinha a finalidade declarada de queimar vivos os adversários e é impossível avaliar o número de milhares que em poucos anos morreram desta morte horrenda.

Negamos a validade do pretexto de que na guerra tudo é permitido. Os governos modernos, e não só aqueles que consideramos inferiores, arrogaram-se o direito de queimar vivos, não delinquentes como os tribunais do passado, mas soldados, obrigados a lutar e inocentes do conflito.

Nós reprovamos os procederes dos nossos antepassados, eles por sua vez ficariam indignados pela moderna guerra total, com seus bombardeios em que morreram dilacerados, intoxicados, queimados vivos, centenas de milhares de inocentes, desde crianças até anciãos. Foram lançados milhões de bombas incendiárias sobre pacíficas moradas. Foram destruídos imensos valores culturais e monumentos históricos.

Não vamos infligir aos povos do passado, admiráveis na sua ardente religiosidade, a injúria de os comparar com os degenerados pagãos modernos, encarnados principalmente nos nazistas e comunistas. Estes revelaram instintos perversos e cruéis que pareciam definitivamente sepultados debaixo da cultura cristã. Os nazistas, obedecendo cega e criminosamente a um chefe tresloucado,

exterminaram, além de outras vítimas, cinco milhões, outros falam de sete milhões de judeus, entre os quais um milhão de crianças. Um crime inominável e único na história, uma ignomínia para o gênero humano. Ainda tinham a hipocrisia de acusar os judeus de ter alguma vez cerca de 3.000 anos atrás, exterminado seus inimigos, talvez alguns milhares. Os mesmos nazistas desenterravam muitos escândalos cometidos por pessoas ou partidos políticos católicos. Contudo emudeceram aos poucos em relação à Inquisição por que temiam o confronto dos seus métodos com os procederes do

tribunal religioso.

Os crimes dos comunistas contra a vida de inocentes superam ainda em número as vítimas dos nazistas. E ambos, nazistas e comunistas, fizeram e fazem-se réus de torturas com crueldade "científica", diante das quais empalidecem as torturas do passado. Não podemos fazer uma própria comparação entre os crentes antigos e os materialistas modernos. Estes se colocaram à margem da cultura e da moral, tornando manifesto - o que precisamente os antigos queriam evitar pela instituição do tribunal religioso da Inquisição - que a decadência religiosa é a maior desgraça do gênero humano.


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