Dizia o Apóstolo São Paulo que ele não queria saber outra coisa senão Jesus, e Jesus crucificado, isto é, o amor que Ele nos testemunhou sobre a cruz. E na verdade, em que livros poderemos melhor estudar a ciência dos santos, que é a ciência de amar a Deus, senão em Jesus crucificado? O grande servo de Deus Frei Bernardo de Corlione, capuchinho, não sabendo ler, queriam os religiosos, seus irmãos, ensiná-lo. Foi primeiro tomar conselho com o Crucifixo; mas Jesus lhe respondeu da cruz: «Que, livros! Que, leituras! Eu é que sou o teu livro, no qual podes sempre ler o amor que tenho tido». Oh, que grande assunto para meditação por toda a vida e por toda a eternidade: Um Deus morto por nosso amor! Oh, que grande assunto!
Um dia Santo Tomás de Aquino visitando a São Boaventura perguntou-lhe de que livro tinha feito mais uso para consignar em suas obras tão belos conceitos. São Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos beijos que lhe dera, dizendo: «Eis aqui o livro que me fornece tudo que escrevo; É ele que me ensinou o pouco que sei». Jesus crucificado foi também o livro predileto de São Filipe Benício, que teve a fortuna de exalar a sua alma bendita enquanto beijava aquelas chagas sagradas. Numa palavra, foi no estudo do crucifixo que os santos aprenderam a arte de amar a Deus e de, por amor d’Ele, sofrer as tribulações, os tormentos, os martírios e a morte mais cruel.
Tinha, pois, Santo Agostinho razão para escrever que o lenho da cruz serviu a Jesus Cristo, não só de patíbulo, para nele operar a nossa redenção, mas também de cátedra para nos ensinar as mais sublimes virtudes. — Por isto, o Santo, arrebatado pelo amor à vista de Nosso Senhor coberto de chagas sobre a cruz, fazia esta terna oração: Gravai, ó meu amantíssimo Salvador, gravai as vossas chagas em meu coração, afim de que nelas leia eu sempre a vossa dor e o vosso amor. Sim, porque, tendo diante dos olhos a grande dor, que Vós, meu Deus, padecestes por mim; sofrerei em paz todas as penas que me possam acontecer; e à vista do amor que me tendes patenteado na cruz, não amarei nem poderei amar senão a Vós.
Eis, pois, aí o nosso grande livro: Jesus crucificado! Se o estudarmos a miúde, ficaremos também instruídos na ciência dos santos; porquanto, no dizer de Santo Tomás, ao mesmo tempo que n’Ele acharemos auxílio seguro contra todas as tentações, aprenderemos a praticar a obediência a Deus, a caridade para com o próximo, e a paciência nas adversidades. Mas n’Ele, sobretudo, aprenderemos a temer o pecado e a amar a Jesus Cristo com todas as nossas forças; pois nessas chagas leremos de uma parte a malícia do pecado que constrangeu um Deus a sofrer tão amargosa morte para satisfazer à divina justiça; e da outra o amor que o Salvador nos mostrou querendo sofrer tanto a fim de nos fazer compreender o quanto nos amava.
Procuremos, portanto, ter uma linda imagem de Jesus crucificado, coloquemo-la em nosso quarto, e olhando para ela frequentemente, mesmo entre os nossos estudos e trabalhos, façamos com afeto alguma oração jaculatória e particularmente esta: † Meu Jesus, misericórdia!
O Senhor revelou a Santa Gertrudes, que todo o que olha com devoção o Crucifixo, será cada vez recompensado com um olhar amoroso de Jesus.
(1) Ah, meu Jesus! Quem não Vos há de amar, reconhecendo-Vos pelo Deus que sois e contemplando-Vos na cruz? Oh! Que setas de amor arremessais às almas do alto da cruz! Quantos corações tendes atraído a Vós lá do trono de amor! Ó chagas de meu Jesus, ó belas fornalhas de amor, deixai-me entrar em Vós afim de ser consumido pelo amor de meu Deus, que quis morrer por mim, consumido pelos tormentos. — Ó minha dolorosa Mãe, Maria, ajudai um vosso servo que deseja amar a Jesus.
(1) - 300 dias de indulgências cada vez que for rezada esta última oração.
Meditações de Santo Afonso de Ligório
Tenhamos por nossas casas Crucifixos de Nosso Senhor que nos ajudem cada vez mais a refletir no Seu amor por nós e recordemos a Sua Paixão que nos garantiu a nossa salvação, desde que, vivamos sempre fiéis a nosso Redentor e não mais O desobedeçamos.
Um meio eficaz de nos santificarmos é meditarmos na Paixão do Senhor e por este motivo, devemos possuir um Crucifixo, pois é o sinal da nossa Redenção.
Nos faz recordar também que a Cruz é sinónimo de sofrimento e para nos salvarmos é necessário sofrermos. E o sofrimento chega naturalmente, sem procurarmos, pois faz parte de uma vida em busca da santidade e de uma união íntima com Jesus.
Vida sem Cruz, é algo que em nós não está de acordo com uma vivência mais piedosa. Devemos entender que o sofrimento que é a Cruz na vida de cada um de nós e o Crucifixo em si, representam esse sentido redentor e contemplativo que devemos ter sobre Jesus que Se deu por nós e morreu numa Cruz para nos trazer a remissão dos nossos pecados e a nossa salvação, e que a nossa vida passa pela Cruz enquanto vivermos, para após a morte, vivermos na Glória dos Céus unidos a Nosso Senhor.
Como o Apóstolo São Paulo disse em uma de suas Cartas de que se completa em nós o que faltou a Jesus.
Finalização de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos
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