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O JARDIM VIVO

  • Foto do escritor: Conteúdos Católicos
    Conteúdos Católicos
  • 18 de jun. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 9 de out.

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Muito tempo perguntei a mim mesma porque é que Deus tinha as Suas preferências, dando às almas medida tão desigual de graças. Maravilhara-me vê-Lo tão pródigo de favores extraordinários com grandes pecadores como S. Paulo, Santo Agostinho, Santa Maria Madalena e tantos outros a quem Ele forçava, por assim dizer, a receber os Seus dons.


Ao ler a vida dos Santos, admirava-me também ver como Nosso Senhor acarinhava do berço ao túmulo, certas almas privilegiadas, desviando do seu caminho qualquer tropeço que lhe impedisse o altearem-se até Ele, não permitindo que a menor mancha do pecado lhes viesse deslustrar o imaculado alvor da túnica batismal.


E a par disso não chegava a entender como é que tantos pobres selvagens, por exemplo, morriam cada dia sem sequer terem ouvido pronunciar o nome de Deus.


Dignou-se Jesus desvendar-me este mistério, pondo-me diante dos olhos o livro da natureza e fazendo-me compreender que, embora todas as flores por Ele criadas sejam formosas, nem o esplendor da rosa nem a brancura da açucena absorvem o perfume da humilde violeta, nem sombra à encantadora singeleza do malmequer.


E fiquei entendendo que, se todas as florinhas quisessem ser rosas, perderiam a natureza as suas galas primaveris e os campos o esmalte das suas boninas.


O mesmo acontece no mundo das almas, que são o jardim vivo do Senhor. Ao lado dos grandes santos, que são os lírios e as rosas deste vergel, comprouve-se Deus em criar outros mais pequeninos, que, contentando-se com a simplicidade do malmequer ou com a modéstia da violeta, são destinados a alegrar os olhos do divino jardineiro, quando Ele se digne pousá-los na terra.


A beleza e a perfeição de tais flores dependem do desvelo com que cumprirem a vontade do Criador.



Santa Teresinha do Menino Jesus em História de uma Alma


Síntese do Conteúdo.

O Jardim das Almas


🌸 Convido-te a entrar neste jardim de contemplação, pois que este artigo, apresenta uma meditação profundamente espiritual e poética sobre a diversidade das almas e a liberdade da graça divina, inspirada nos escritos de Santa Teresinha do Menino Jesus. A autora inicia com uma inquietação teológica: por que Deus distribui Suas graças de maneira aparentemente desigual? Essa pergunta, que ecoa há séculos entre místicos e teólogos, é abordada não com lógica sistemática, mas com uma revelação contemplativa que se desdobra através da metáfora do jardim.


A imagem do jardim vivo é central. Nele, cada alma é comparada a uma flor única, criada com beleza e propósito. As rosas e lírios representam os grandes santos, agraciados com dons extraordinários e caminhos protegidos desde o nascimento. Já as violetas e malmequeres simbolizam as almas simples, escondidas, que não brilham com esplendor, mas exalam um perfume discreto e encantador. Essa analogia revela uma teologia da diversidade espiritual, não há hierarquia rígida entre as almas, mas uma harmonia de vocações, onde cada uma contribui para a beleza total do jardim divino.


Santa Teresinha, cuja citação é o coração do texto, propõe uma espiritualidade da pequenez e da confiança. Ela reconhece que Deus age com liberdade soberana, concedendo graças conforme Sua vontade, e que essa aparente desigualdade não é injustiça, mas expressão de um amor criador que valoriza a singularidade. A compreensão de que “se todas as florinhas quisessem ser rosas, perderiam a natureza as suas galas primaveris” é uma defesa poética da humildade e da aceitação da própria vocação.


O texto revela, com delicadeza, que a verdadeira perfeição espiritual não se mede pela grandeza exterior, mas pela fidelidade silenciosa à vontade de Deus, mas na fidelidade interior à vontade de Deus. A beleza de cada alma depende do “desvelo com que cumprirem a vontade do Criador”, e não da quantidade de dons recebidos. Essa visão desafia a lógica meritocrática e propõe uma espiritualidade do amor gratuito, onde até os “pobres selvagens” que nunca ouviram falar de Deus são incluídos no mistério da providência divina.


O texto também toca em temas de predestinação, missão e mistério, sem cair em dogmatismos. Ele convida à contemplação, à aceitação e à confiança, oferecendo uma resposta simbólica e afetiva às grandes questões da teologia. Ao final, o leitor é conduzido não a uma conclusão racional, mas a uma visão espiritual onde cada alma, grande ou pequena, tem um lugar no coração do Jardineiro divino.


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