Sem dúvida que de tanto amar a Jesus, nos santificamos, pois que, na intimidade do amor, nos assemelhamos ao amado.
Ele vive em nós na medida da entrega do nosso amor e dessa forma, nos conduzirá à um amadurecimento e progresso da santidade, tão desejada por Ele e que deve pautar a nossa séria e firme decisão.
Quem tiver esse desejo, entende perfeitamente o sentido da nossa existência terrena, por que, se não tivermos esse interesse, é sinal de que, estamos longe de Deus e ainda imperfeitos para amar verdadeiramente à Deus.
É aos poucos que o Pai nos transforma e devemos ser constantes e lutadores para alcançarmos à cada dia essa meta.
No fim de cada dia, façamos um bom exame de como transcorreu essa nossa caminhada com Jesus e peçamos à Ele a firmeza necessária para não nos desviarmos dessa decisão que não é um privilégio, nem algo extraordinário e para poucos, mas sim, trata-se da decisão mais perfeita e a única mais acertada da nossa vida: a decisão de nos tornarmos santos.
É a meta da nossa vida. O sentido da nossa existência. O motivo real de vivermos, pois, sem a santidade de vida, somos um ser humano sem vida, um ser que não atingiu a vida plena e verdadeira que somente está em Deus.
E dessa união perfeita em Deus, brotará frutos em obras de puro amor.
No Antigo Testamento, Deus disse ao homem:
«Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças» (Dt 6, 5).
Jesus tomou de novo o mesmo mandamento e nos mesmos termos:
«Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração e toda a tua alma e de toda a tua mente. E' o maior e o primeiro mandamento» (Mt 22, 37, 38).
Os apóstolos anunciaram em seguida esta verdade a todos os povos. «Deus é caridade», diz S. João, «e aquele que permanece na caridade permanece em Deus, e Deus nele» (1 Jo 4, 16).
«Acima de tudo isso apegai-vos à caridade, que é o vínculo da perfeição» (Col 3, 14).
Amar a Deus com todas as suas potências, eis o mandamento, eis o fim único da vida do homem no mundo, eis a santidade.
Ser santo não é, pois, fazer milagres. E' somente amar a Jesus de todo o coração, é entregar-se a Ele sem reservas, é crer firmemente em Seu amor.
Ser santo não é ser isento de faltas. E' tão somente não pecar por malícia, não amar seus defeitos. E' refugiar-se nos braços de Jesus depois de cada fraqueza e pedir-Lhe a cura.
Ser santo não é extenuar-se em macerações, fugir aos olhares do mundo, ocultar-se no fundo de um deserto; nem mesmo assombrar o mundo com o esplendor das obras ou subjugá-lo com o poder da palavra.
Longe disso, ser santo - é aplicar-se tranquilamente a cumprir os deveres de seu estado para agradar a Jesus, suportar, para Lhe ser agradável, os pesares da vida e deixar-Lhe plena liberdade em dispor a Seu bel-prazer da alma e do corpo, da saúde e de todos os bens.
Jesus não pede senão o coração. Quando O amam, tudo vai bem. Genoveva e Pascoal Bailão eram pastores, mas amavam a Jesus e foram santos. Isidoro era lavrador, Zita, criada, Crispim, sapateiro, Benedito Labre, mendigo. Que importa! Todos eles não tinham senão um ideal: amavam a Jesus apaixonadamente e esqueciam-se de si mesmos.
Não queres fazer o mesmo? Não queres unir-te a essa legião de almas generosas de todas as condições, de todas as idades e de todos os países que formam a corte de honra do rei Jesus?
Eu digo que elas são legião. O divino Mestre suscita-as todos os dias nas grandes Sodomas modernas e nas mais humildes aldeias cristãs, nos palácios dos grandes e nas choupanas dos pobres. Ele parece temer que Lhe falte o tempo de concluir Sua obra de amor aqui na terra e prodigaliza então Seus favores às almas humildes e confiantes.
De ti, também, Ele quer fazer um santo. Ele chama-te; convida-te para fazer um retiro de amor. Não te assustes da tua fraqueza nem da tua inconstância.
Jesus é bom e poderoso. Ele pode reparar num momento o teu passado. Deixa-te cativar pela graça. Ele fará de ti a conquista de Seu amor. O segredo de encantar o coração de Jesus, de tudo obter Dele, é jamais duvidar de Sua bondade.
Considera, em seguida, que a santidade à qual podes elevar-te, se quiseres, é uma coisa sublime, um ideal encantador.
Tua perfeição é o encontro de dois corações: do coração de Jesus e do teu, num ato de amor que dura toda a vida; é uma comunhão inefável de Deus com a alma, e da alma com Deus; é um amplexo indizível de dois espíritos, Deus e a alma.
Ser perfeito é amar a Jesus, e, amando-O, deixar-se transformar Nele e por Ele; é viver no mundo do mesmo amor que Deus vive no céu; é reproduzir, numa alma unida a um corpo de carne, a vida que levam as três Pessoas divinas no seio da adorável Trindade.
Essa vida divina, tu a produzes todas as vezes que fazes uma aspiração de amor, que cumpres um dever para agradar a Deus.
Quanto mais vivo, profundo e puro é o teu amor, tanto mais penetras na SS. Trindade, e mais também a vida de Jesus se imprime em ti.
Que sonho poderes exercitar-te aqui na terra para essa vida que levarás nos séculos dos séculos!
Aliás, mesmo que quisesses, não te seria mais lícito fazer no mundo outra coisa que amar. A santidade é um ideal obrigatório.
Ouviste a voz do divino Mestre: «Sede perfeitos como Vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48). «Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração» (Mt 22, 37); «Aquele que não é por mim e contra mim» (Mt 12, 30).
Ouviste o apóstolo lembrar-te a ordem do Mestre: «Escolheu-nos antes da criação do mundo, por caridade, para que fôssemos santos e imaculados diante Dele».
E se conseguisses fechar os ouvidos do teu corpo às palavras de Jesus, não poderias abafar a voz do coração.
O Salvador morreu para possuir teu amor. Oh! como a necessidade de afeição deve atormentar o coração de um Deus, pois que Ele tanto apreço dá a uma aspiração de amor de uma única de Suas criaturas, seja ela a última e mais ignorada sobre a terra!
Que é, pois, esse amor de que é capaz o homem, para que um ser infinitamente grande se humilhe a desejá-Lo, para que Ele deixe perecer mil mundos, se preciso for, a abandonar um pobre mortal que Lhe estende os braços suplicantes?
Que de coisas profundas oculta o mundo divino!
O céu e o inferno têm os olhos fixos em mim. Espreitam todos os movimentos de meu coração para saber se ele bate por Jesus ou por seu inimigo, satã.
Se não faço minhas ações por Jesus, perco-as para Ele.
O anjos e os santos entristecem-se porque uma glória eterna escapa a Seu Mestre, e mais uma criatura Dele se desviou. Se, ao contrário, faço-as por Ele, proporciono-Lhe um prazer íntimo, provoco-Lhe um sentimento divino de orgulho e vejo-O, num movimento de gratidão, inclinar-Se para Mim. Sua pequena criatura.
Queres, alma cristã, começar a viver essa vida de amor? Segue a Jesus na solidão de teu coração, suplica-Lhe humildemente que tome a tua mão para conduzir-te à vida ideal.
O caminho para essa vida sublime está em toda a parte.
O profeta via afluírem para a Jerusalém celeste multidões numerosas, acorrendo do oriente e do ocidente, homens de todas as condições e idades, de todas as nações e de todas as línguas.
Para caminhar na vida perfeita, basta amar a Jesus e, se queres amá-Lo, amá-Lo-ás. Se queres amá-Lo muito, amá-Lo-ás muito, se queres amá-Lo como os santos, até ao
esquecimento de ti mesmo, serás igual a eles em perfeição.
Aspira, pois, à santidade: ela é um ideal realizável, é um ideal sublime, é um ideal obrigatório.
Santa Virgem Maria, abençoai minha primeira e fundamental resolução, que deve ser o resumo de todo o meu retiro. Eu quero amar a Jesus como os santos O amaram.
José Schrijvers
Introdução de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos
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