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QUAL DEVE SER A SANTIDADE DO PADRE COMO MEDIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS


De mais, deve o Sacerdote ser santo na qualidade de dispensador dos Sacramentos. É necessário que não tenha mancha, como despenseiro de Deus e deve ser como mediador entre Deus e os pecadores. O Sacerdote, diz um santo Padre, está colocado entre Deus e a natureza humana, traz-nos os benefícios que vem do Céu, e leva para lá as nossas orações; aplaca a cólera do Senhor e arranca-nos das Suas mãos. É por ministério dos Sacerdotes que Deus comunica a Sua graça aos fiéis nos Sacramentos. É mediante os Sacerdotes que nos recebe no número dos Seus filhos no Batismo, que é de necessidade para a salvação. Quem não renascer, não pode entrar no reino de Deus. É por ministério deles que Deus cura os doentes e ressuscita os que estão mortos para a graça, isto é, os pecadores, no Sacramento da Penitência. É por eles que alimenta as almas e lhes conserva a vida da graça, no Sacramento da Sagrada Eucaristia: Se não comerdes a carne do Filho do homem, não tereis a vida em vós. É por eles que dá aos moribundos a força para vencerem as tentações do inferno, mediante o Sacramento da Unção dos Enfermos. Numa palavra, diz S. Crisóstomo, sem os Padres não nos podemos salvar. S. Próspero chama aos Padres os intérpretes da vontade divina. O autor da Obra imperfeita apelida-os — os muros da Igreja; Santo Ambrósio, exército ou campo da santidade; S. Gregório de Nazianzo, os fundamentos do mundo e as colunas da fé. Daqui a palavra de Santo Euquério: que os Padres devem, pelo vigor da sua santidade, transportar o fardo dos pecados do mundo. Ó, como esse fardo é terrível! Rogará por ele (pelo impudico) o Sacerdote e pelo seu pecado diante do Senhor, e o Senhor se lhe tornará propício, e lhe perdoará o seu pecado. É por isso que a Santa Igreja obriga os Sacerdotes à recitação diária do Ofício divino, e à celebração da Missa, ao menos algumas vezes no ano. Santo Ambrósio até diz que os padres nunca devem cessar, nem de dia nem de noite, de orar pelo povo. Mas para obter graças para os outros, é necessário que o Sacerdote seja santo. Colocados entre Deus e o povo, diz o Doutor angélico, devem brilhar aos olhos de Deus por uma boa consciência, e aos olhos dos homens por um bom renome. Porque, segundo a reflexão de S. Gregório, seria grande temeridade apresentar-se alguém diante dum príncipe, para obter o perdão para os seus súditos rebeldes, estando ele culpado do mesmo crime. Quem quer interceder pelos outros, deve ser bem-visto do príncipe; se lhe for odioso, ajunta o mesmo santo, mais fará indignar o seu juiz. Por esta razão, escreve Santo Agostinho: “O Padre, orando pelos outros, deve ter junto de Deus um tal mérito, que possa obter Dele o que os outros em razão dos seus deméritos não ousariam esperar”. Foi o que declarou o Papa Hormisdas: “Convém que o Sacerdote seja mais puro que o povo para orar pelo povo.” Mas S. Bernardo lamenta que, haja poucos Padres bastante santos para serem mediadores dignos. E Santo Agostinho, falando dos maus eclesiásticos, diz: “É mais agradável a Deus o ladrar dos cães que a oração de tais clérigos”. Refere o Padre Marchese, no seu “Jornal dos Dominicanos”, que uma serva de Deus, religiosa da sua Ordem, pedia um dia ao Senhor que perdoasse ao povo em atenção aos merecimentos dos Padres; Ele respondeu-lhe que os Padres, pelos seus pecados, mais O irritavam do que aplacavam.


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