Cheia de graça - o anjo reconhece que a graça, a ação de Deus é plena na vida de Maria. Ela é agraciada, vive inteiramente mergulhada no coração do Pai. Não é simples
saudação, mas constatação. Maria é a graça personificada de Deus.
Na complementação à saudação, diz o anjo: "O Senhor é contigo", ou seja, Deus fez
morada em ti. Antes de Maria aceitar ser a Mãe do Salvador, a Sagrada Escritura des-
creve a relação eterna entre a jovem e seu Senhor. Existe entre eles um matrimônio, já
não são dois, mas uma só alma.
Somos agraciados por Deus da mesma forma que foi Maria. Somos também convidados a ser veículo dessa graça transformadora. O bem que o Senhor realiza em nós deve ser partilhado. Crescemos na graça de Deus sempre que desejamos que nosso ser contraia matrimônio com o Espírito Santo.
Deus vai atuando em nós na medida em que Lhe damos a chave da nossa alma.
Cheio de graça é aquele que faz a experiência de deixar Cristo viver em si. É a espiritualidade de Paulo: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim". (Gálatas 2,20)
O Senhor deseja habitar em nós em plenitude. Deseja ser connosco, viver no tabernáculo que somos. Temos a chama de Sua presença viva em nossa alma, porém Cristo somente fixará residência em nós na medida em que, com liberdade, dissermos em profunda e verdadeira oração: Vem Senhor Jesus!
A oração não deve ser simplesmente pronunciada pelos lábios, mas desejada interior-
mente: Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro. Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a terra árida e sequiosa, sem água. (Salmo 62,2).
O desejo de Deus para nós é que sejamos, a exemplo de Maria, cheios da graça.
Reconhecemos um agraciado por Deus por seus olhos voltados para o céu, mas
sobretudo por seu coração voltado para o próximo. É na misericórdia, na caridade e
no desejo de doação plena que percebemos como Deus é exalado como um perfume por aqueles que estão em graça.
Não basta desejar sermos agraciados, é imprescindível deixarmos Deus entrar nos recônditos mais escondidos de nosso interior e, junto com Ele, iniciarmos uma caminhada transformadora em direção à santidade, tarefa nada fácil, porém não impossível.
A graça é presente de Nosso Senhor, mas é também trabalho pessoal, é luta contra
todo tipo de desgraça tanto pessoal como comunitária. A desgraça que pode nos
acontecer é impedir Deus de ser Deus em nós, isso acontece todas as vezes que não
nos colocamos nas mãos do Pai como filhos.
Trechos da Obra do Pe. Luís Erlin: "Imitação de Maria."
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