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  • Foto do escritorConteúdos Católicos

O mal da inveja

Desse mal terrível padecem muitas pessoas que, se sentem infelizes com os talentos, bens, beleza e vários outros motivos, de alguém.

É lamentável! Se uma pessoa que diz que é católica e sofre desse defeito detestável por quem vive verdadeiramente em Deus, não paira sobre ela, as virtudes necessárias para à conduzir ao amor perfeito.

Pois a inveja que é carregada de tanto mal, bloqueia a sua abertura aos dons de Deus e impede que a pessoa esteja realmente à viver a sua própria felicidade em Deus.

Esse mal deve ser odiado e retirado imediatamente do coração de quem o tem.

Como se poderá amar verdadeiramente a Deus, se inveja algo de alguém? Essa pessoa precisa se curar, pois a sua alma está em grande prejuízo e perigo de se perder, caso feche os olhos para esse mundo.

Digo isso, por que, o diabo é invejoso, não somente mentiroso e quem se deixa levar por este sentimento grandemente maléfico, acarreta danos aos outros que são vítimas e á ela própria, pois irá agir e reagir de forma inadequada diante daquilo que a tormenta pela inveja.

É preciso bastante empenho da mesma e de um bom diretor espiritual para eliminar esse mal diabólico.

Não existe "inveja boa de alguém ou de algo", como muitos alegam. A inveja é destrutiva em todos os sentidos e se alguém deseja verdadeiramente obter e viver uma vida santa e coerente com a vontade de Deus, jamais pode ter dentro de si esse mal.


QUE É A INVEJA?


Há uma definição de inveja que já é clássica: A inveja é a tristeza sentida diante do bem do outro. Definição curta e simples, que começa por afirmar que a inveja é um tipo de tristeza. Mas não é uma tristeza qualquer. De modo geral, as nossas tristezas são causadas por um mal (pelo menos, por algo que nós consideramos um mal): pode ser um acidente, um fracasso, uma doença, a perda de uma pessoa querida, etc. A inveja, pelo contrário, é

causada por um bem, um bem alheio, que nós consideramos como um mal, simplesmente

porque não o temos.

Quase todos os bens alheios podem ser motivo de inveja.

Podemos ficar tristes pelo que os outros são: alegres, simpáticos, inteligentes, fortes, hábeis, etc. A moça feia inveja a moça bonita, o baixo inveja o alto, o curto de inteligência

inveja o intelectual brilhante, o desajeitado inveja o habilidoso, a solteirona inveja as

casadas.

Podemos ficar tristes pelo que os outros têm: dinheiro, prestígio, cargos, casas, fazendas, carros, viagens, diversões.

Podemos ficar tristes por verificar - ou imaginar - que os outros são mais queridos: que recebem mais carinho, mais atenções, mais mimo, mais dedicação do que nós. É o

grande capítulo dos ciúmes.

E podemos ficar tristes por causa da felicidade que os outros demonstram e que nós

não experimentamos. "É uma desgraça sem remédio odiar a felicidade alheia", dizia São

Cipriano.

Mas, será que todas as formas de tristeza diante de um bem alheio são inveja? Não.

Há tristezas motivadas pelo bem dos outros, que embora sejam chamadas de inveja, nada ou pouco têm a ver com ela.


RAÍZES E FRUTOS DA INVEJA


Raízes da Inveja


A inveja é como uma árvore, que tem raízes e frutos. Já dizia Aristóteles, com muito acerto, que a inveja procede da vanglória. São Gregório Magno, por sua vez, lembrava que a vanglória é a filha principal do orgulho. Aí, no orgulho e na vanglória, temos as raízes da

inveja.

Convém entender que a vanglória, ou seja a glória vã, é o vício que têm aqueles que, acima de tudo, desejam brilhar, destacar-se, salientar-se, ser mais do que os outros. Gente que não procura o bem, mas o brilho.

As pessoas boas, simples e honestas, têm aspirações legítimas de progredir - e lutam

nobremente para isso -, sentem a justa satisfação de ganhar posições mais altas,

conquistadas por sua competência e empenho perseverante, estão felizes de poder

proporcionar aos filhos um futuro melhor.


Mas - e esse mas é importantíssimo - , para elas, subir, conquistar o apreço e a confiança, obter cargos, não é uma meta, não é o objetivo da vida; é apenas uma consequência natural, justa por certo, do seu amor ao trabalho bem feito, ao dever bem cumprido, quer seja o dever familiar, o profissional ou o social. As glórias coroam nelas o mérito, florescem naturalmente, mas não são questão de vida ou morte. Essas pessoas continuariam a trabalhar, a cumprir o dever, a realizar com amor a sua missão, mesmo que não houvesse glória humana nenhuma nem agradecimento nesta terra. Basta-lhes o prêmio da boa consciência e a aprovação e o sorriso de Deus.


Para os orgulhosos, para os vaidosos, pelo contrário, a glória é uma meta que está acima de tudo. Têm que vencer, têm que subir, têm que sentir-se superiores aos outros...

Por isso, se não podem subir por mérito próprio, caem na tentação de subir por meio de

trapaças, aparências e fingimentos; ou pelo sistema de ficar por cima à base de afundar o

outro.


FRUTOS DA INVEJA: A MALEDICÊNCIA


Sendo isso assim, não estranha nada que os filósofos e os santos sejam unânimes em

apontar, como um dos principais frutos da inveja, a maledicência.

O Bem-aventurado Josemaría Escrivá, fazendo-se eco dessa apreciação, dizia: "A

maledicência é filha da inveja; e a inveja, o refúgio dos infecundos".

A experiência nos mostra que muitos daqueles que não conseguem subir e brilhar, se

dedicam a demolir prestígios alheios, a rebaixar famas e méritos, para assim se sentirem

situados mais alto. O infecundo, aquele que não se esforçou nem teve méritos para

conquistar os bens a que aspirava, sente a necessidade de destruir com a língua e - se pode - com os atos aqueles que o superam.

Fala mal, lança suspeitas, semeia insinuações, espalha acusações falsas, despreza ou

ridiculariza - com os seus comentários - o que merece louvor. O invejoso focaliza sempre o

lado negativo, a pequena sombra escura que há mesmo nas honestidades mais íntegras e nos prestígios mais sólidos; e com isso tenta - e às vezes consegue - abalar a boa fama que

outros possuem merecidamente, para assim, sobre a tinta negra das suas maledicências,

brilhar ele mais intensamente.

Com palavras fortes, mas justas, o Pe. Bernardes, há quase quatro séculos, escrevia a

respeito desses pobres invejosos: "Os miseráveis em cujo coração se embrenha a serpente da inveja..., o bem alheio têm por mal próprio, e não podem conter-se que não falem mal da

pessoa invejada, vomitando contra ela detrações e calúnias".


OUTRO FRUTO DA INVEJA: A COMPETIÇÃO VAIDOSA


Ao lado da maledicência, podemos apontar como fruto da inveja a má competição ou competição vaidosa. Dizemos má e vaidosa, porque há uma competitividade boa - no

trabalho, no esporte, no comércio, na indústria, na arte, etc. -, que é uma força positiva de

aprimoramento e de progresso material, cultural e espiritual; essa boa competitividade,

lealmente praticada, não é outra coisa senão aquela virtude a que chamávamos antes

emulação.

Ninguém ignora, porém, que há uma competitividade ruim, e é provável que - uns mais, outros menos - já tenhamos tido que padecê-la. É, por exemplo, a competitividade

vaidosa da mulher que sempre está a comparar-se com a mulher de Fulano, com a esposa de Sicrano; e, se não pode comprar o mesmo tipo de roupa, de sapatos, de perfume, de carro que a outra tem, fica desvairada, deixa louco o marido com gastos e exigências desorbitadas, ou resolve amontoar mais dinheiro seu, dedicando sem necessidade horas e horas a um trabalho voltado para a satisfação da "vaidade comparada", com grave abandono do lar.


A mesma coisa poderia dizer-se de muitos filhos, dominados pela frivolidade e pela

vanglória, que tornam impossível a vida dos pais, exigindo - com lágrimas, com ira, com

gemidos de vítima ou comentários humilhantes - que lhes comprem o que outros colegas

consumistas têm e os pais deles não podem comprar.

E no ambiente profissional? Não vamos ser radicais e dizer, como afirmava um meu amigo, que os ambientes de trabalho - oficina, escritório, departamento de faculdade ou de colégio, redação de jornal, etc, etc. - são ringues da inveja, onde se desenrola uma contínua

luta de boxe, ou melhor, de artes marciais com a regra do vale-tudo. Mas é verdade que não

raro grassam nesses ambientes, como erva daninha, as maquinações da inveja: além da

maledicência, os mexericos, os conchavos, as rasteiras, a ocultação de informações ou de

decisões, a manipulação de dados, os "esquecimentos" propositados ("esqueceu-se" de

convocar, de avisar uma reunião, de comunicar a chegada do presidente, etc.), para, desse

modo, ir deixando à margem as pessoas que, por inveja, se desejaria apagar.


Uma expressão corrosiva dessa inveja entre colegas são as seguintes frases de Gore Vidal, citadas em artigo de Sérgio Augusto: "Toda vez que um amigo meu faz sucesso, eu morro um pouco", e "Não basta ser bem-sucedido; os outros também precisam fracassar".

Contemplando essas invejas, o psicólogo Moacyr Castellani fazia um lúcido diagnóstico, que transcrevemos, e que convida a meditar:


"Em vez de competir como forma de desenvolvimento, as pessoas se tornam rivais.

Em vez de realizarem o melhor de si, desejam ser as melhores. Em vez de superarem seus

limites, enfatizam suas próprias qualidades. Não buscam um resultado em comum, tornam-

se demasiadamente egoístas. Num ciclo infinito rumo ao sucesso e ao reconhecimento,

fecham-se para os próprios princípios, isolam-se em um ambiente frio e hostil (...). O

verdadeiro compromisso é com a construção de uma vida coerente com aquilo que somos.

A competição é interna. O desafio está na superação dos próprios limites".


O PIOR FRUTO DA INVEJA: O ÓDIO À BONDADE


Após contemplarmos dois frutos da inveja - a maledicência e a competição vaidosa e

ambiciosa - , chegamos ao terceiro, o mais perverso de todos: o ódio à bondade.

Vão-me desculpar se trago à tona o comentário sobre esse mau fruto, que fazia, com

expressões um tanto chocantes, um jornalista velho, rude e curtido nas lides profissionais.


Dizia-me esse amigo: "O porco, para não se sentir humilhado, precisa de transformar

o mundo num chiqueiro, porque, se «provar» que todos são porcos..., então ser porco é o

normal".


Com essas frases cruas, referia-se a um fenômeno atual e crescente: à campanha, atiçada sobretudo pela mídia - jornais, revistas, televisão, cinema, internet - , de exaltação de

atitudes e comportamentos objetivamente imorais, depravados, perversos, que se teima em

apresentar como normais, modernos, positivos e desejáveis: desde o marketing pornográfico e o lenocínio eletrônico, até a iniciação sexual prematuríssima de crianças e adolescentes em programas e consultórios de famosas da tv; e aborto por atacado, e infidelidade conjugal - basta passar ocasionalmente os olhos e os ouvidos por qualquer telenovela -, e "casamento" de homossexuais...; enfim, uma libertinagem sem nenhum freio de valores, já não apenas religiosos ou morais, mas de respeito mínimo à dignidade do ser humano.

E, paralelamente a essa campanha de exaltação insensata do perverso, do anormal e do podre, fazia notar o meu bom amigo que avançam os vagalhões de uma outra campanha, empenhada em conspurcar, seja como for, figuras íntegras do passado e do presente, que gozam de justa fama de honestos, de bons e até de santos.


Procurando derrubar esses referenciais de bondade, procurando provar que a pureza e a santidade não existem na vida real, os devassos, os malignos e os infames sentem-se

melhor. Eles trazem espetado na alma o espinho da inveja, em forma de tristeza raivosa do

bem alheio, da bondade dos outros, porque esta os acusa, os repreende silenciosamente.

Para livrar-se desse mal-estar, decretam então que a bondade moral e a santidade não

existem, e que se alguns parecem íntegros e santos, na realidade são uns hipócritas, e cá

estão eles - os caluniadores - para prová-lo.


Um atrás do outro, vêm aparecendo livros, artigos, programas televisivos, entrevistas, ensaios "históricos", etc., cujo único objetivo é denegrir, "provando" mediante a manipulação de dados e de testemunhas - ou com a calúnia pura e simples - que quem

parecia bom não o é, quem parecia puro é o mais sujo, e quem parecia santo é um falso.


Contrastando a inveja com as características da caridade, tal como São Paulo no-las descreve (1 Cor 13, 4-7):


A caridade é paciente, ao passo que a inveja é irritada, revoltada e impaciente.

A caridade é benigna, deseja o bem a todos, enquanto a inveja deseja e busca

ativamente o mal para os outros.

A caridade não é jactanciosa, não se ensoberbece; a inveja nasce da soberba, de

uma exaltação orgulhosa do próprio "eu".

A caridade não é descortês; a inveja pode simular a cortesia, mas falta-lhe o âmago

dessa virtude, que é o desejo de servir e tornar amável a vida aos outros.

A caridade não é interesseira; a inveja só procura tirar vantagem de tudo e de todos.

A caridade não se irrita nem guarda rancor, ao passo que a inveja cultiva o

ressentimento e chega a convertê-lo em ódio.

A caridade não se alegra na injustiça, mas compraz-se na verdade; a inveja

compraz-se no infortúnio alheio e lança mão do fingimento e da calúnia.

A caridade tudo desculpa, a inveja tudo critica, tudo julga e condena.

A caridade tudo crê, o invejoso de tudo desconfia.

A caridade tudo espera, a inveja tudo combate e despreza.

A caridade tudo tolera, o invejoso não suporta nem aos outros nem a si mesmo; não

sabe aceitar e amar a Vontade de Deus.


Contrastes entre inveja e caridade! Com que clareza nos mostram que, na vida, a

inveja é morte, e a caridade, vida.


Não nos esqueçamos nunca de que, enquanto estivermos nesta terra, a caridade será

sempre o caminho mais excelente de todos (1 Cor 12, 31), aquele que nos fará sintonizar

com os sentimentos de Cristo e seguir os seus passos. Caminho amabilíssimo, que o Espírito

Santo nos convida a seguir todos os dias, marcando-nos o rumo com palavras muito claras,

como estas de São Paulo: Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a

humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada um tenha em

vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros (Fil 2, 3-4). E ainda: Que a vossa

caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos

mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros (...).

Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram (cfr. Rom, 9-15).


Introdução de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos


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