Em França, a 2 de maio de 1806, nasceu Catarina Labouré, filha de lavradores humildes e bons cristãos que, com ela, completaram onze filhos. Desde a sua primeira comunhão, ela teve uma particular devoção para com a Santíssima Virgem. Sentindo em si o chamamento divino para a vida religiosa, depois de ter superado muitos obstáculos, aos 23 anos entrou na congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.
A 18 de julho de 1830, tendo um grande desejo de ver Nossa Senhora, comeu uma relíquia de São Vicente para obter esta graça. Às onze e meia da noite, quando estava a dormir, ouviu alguém a chamá-la.
Correu a cortina e viu um menino vestido de branco, de uma beleza irradiante e cheio de esplendor: era o seu Anjo da guarda. «Vem, vem à capela! A Virgem Santíssima espera-te». «Mas... vão ouvir-me... serei descoberta...». «Não tenhas receio. São onze e meia da noite e todos dormem. Eu acompanho-te». Catarina ergueu-se, vestiu-se e seguiu o Anjo. Ao chegar à capela, ao simples toque do seu Anjo, a porta abriu-se. «Eis a Virgem Santíssima, ei-La», disse o Anjo.
Catarina ouviu um pequeno ruído, como o ruflar de sedas, e surgiu uma Senhora de beleza indescritível, que veio sentar-se junto do altar. Catarina lançou-se para Ela e caiu-lhe aos pés de joelhos. Nossa Senhora disse-lhe: «Minha filha, o bom Deus quer encarregar-te duma missão. Terás muito que sofrer... Não temas...Tem confiança... Vem junto deste altar: aqui as graças serão espalhadas sobre todos os que as pedirem com confiança e fervor».
A 27 de Novembro de 1830, às cinco e meia da tarde, Nossa Senhora apareceu de novo a Catarina Labouré, que se encontrava na capela em oração. A Virgem Santíssima estava resplandecente e das Suas mãos saiam raios formosíssimos. Ela explicou: «Estes raios são o símbolo das graças que Eu concedo às almas que Me as pedem». Em volta da Virgem Santíssima formou-se um quadro oval no qual se liam estas palavras: «Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós». Esta jaculatória deve repetir-se muitas vezes durante o dia.
Nossa Senhora comunicou-lhe então: «Manda cunhar uma medalha segundo este modelo. As pessoas que a trouxerem, receberão grandes graças. As graças serão abundantes para as almas que tiverem confiança». A visão que Catarina teve diante de si pareceu-lhe voltar-se ao inverso e ela viu a letra "M", com uma cruz em cima e por debaixo dois corações, um cravado de espinhos e outro atravessado por uma espada.
Esta medalha espalhou-se prodigiosamente por todo o mundo. Graças e milagres extraordinários acompanharam a sua divulgação: reanimou-se a fé, restaurou-se os bons costumes e a virtude, sararam-se corpos, converteram-se almas. Perante isto, o Arcebispo de Paris, Monsenhor de Quélen, ordenou um inquérito oficial sobre a origem e os efeitos da medalha da Rua du Bac. Deste inquérito concluiu-se: «A rápida propagação, o grande número de medalhas cunhadas e distribuídas, os admiráveis benefícios e as graças singulares obtidas, parecem sinais do Céu, que confirmam a realidade das aparições e a veracidade das narrativas da vidente».
Em 1846, em Roma, após a conversão do judeu Afonso Ratisbonne, o Papa Gregório XVI confirmou as conclusões do Arcebispo de Paris.
Pio IX, o Papa da Imaculada, gostava de dar a medalha como presente.
Leão XVI instituiu a sua festa.
A Medalha Milagrosa e Lourdes
As aparições da Capela da Rua du Bac e a difusão da Medalha Milagrosa com a invocação: «Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós», suscitaram um grande movimento de fé na Imaculada Conceição de Maria, que levou Pio IX a proclamar o Dogma em 1854. Quatro anos mais tarde, a aparição de Lourdes confirmou, de maneira surpreendente, esta definição. É interessante notar que Santa Bernadete testemunhou que a Virgem apareceu em Lourdes «tal como está representada na Medalha Milagrosa». A Santa também a trazia sempre consigo.
Um pequeno catecismo mariano
A Medalha Milagrosa contém um resumo de toda a doutrina da Igreja e sobre o papel de Maria na obra da Redenção e sobre a Sua Mediação universal.
A Imaculada com os braços abertos para baixo, com numerosos raios esplendentes que partem das Suas mãos, representa Maria Santíssima como Medianeira de todas as graças. O globo debaixo dos Seus pés e as doze estrelas impressas no verso da medalha ensinam-nos que Ela é Rainha do Céu e da terra. Os Seus pés virginais que esmagam a serpente relembram-nos a Sua Imaculada Conceição. A parte de trás da medalha mostra-nos ainda dois corações: um, circundado de espinhos, é o Coração de Jesus Redentor; o outro, trespassado por uma espada, é o Coração de Maria Corredentora, que cooperou com Jesus na nossa Salvação. Esta mesma verdade também é representada nas letras "M" (de Maria), atravessada, em horizontal, por um "I" (de Iesus) que sustentam a Cruz.
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