Queridos irmãos, ser tradicional é amar a Deus, é amar a nossa Santa Madre Igreja; é cumprir o que determina a tradição. Não é tradicional somente o que o diz em palavras, mas aquele que, de coração, segue e cumpre os mandamentos do Senhor. Não é só o que assiste a Santa Missa tradicional, mas o que faz da Missa toda a sua vida. Aquele que vive a Missa. Não é tradicional aquele que, depois da Santa Missa ofende o Senhor. É o que se levanta pela manhã e pensa na Missa, e durante todo o dia permanece nela pensando.
Não é tradicional o que se senta na Igreja para que o vejam, mas aquele que se recolhe em oração; não é o que ostenta suas qualidades naturais ou situação econômica, mas o que gosta de passar despercebido.
Ser tradicional é não querer pecar, é odiar o pecado, é não querer ofender a Deus, no mínimo que seja. É desejar estar em contínuo estado de graça. É o que distingue o bem do mal. É o que julga com retidão e caridade. É o que quer estar no Calvário, aos pés da Santa Cruz. Aquele que traz o Senhor tatuado em sua alma.
Ser tradicional é ser generoso com a Santa Igreja, o que a considera parte sua e, portanto, contribui para a sua manutenção. O que é generoso financeiramente com ela, porque a considera sua Mãe e contribui com gosto para a sua manutenção, mesmo renunciando coisas justas.
Ser tradicional é ser João.
Ser tradicional é ser João, que estava com o Senhor na Santa Ceia e no Calvário. Ser tradicional é ser João. Esta é a definição de tradicional. É João, que cumpria o que lhe ordenava o Senhor. João, modelo de amor para com a Santíssima Virgem: eis a tua mãe.
Ser tradicional é ser como os Apóstolos. Eles eram tradicionais porque seguiram o que ordenou o Senhor, apesar de suas próprias e grandes imperfeições. Todos foram tradicionais porque fizeram o que o Senhor lhes ordenara: Fazei isto em memória de Mim. Obedeciam ao Senhor até mesmo quando isso muito lhes custasse. Apenas contemplando os Apóstolos temos tudo o que é necessário para saber o que é ser tradicional.
Eles deixaram tudo para seguir o Mestre. Nós deixamos tudo para assistir à Santa Missa? Quantas vezes vagueamos, desculpamo-nos para não ir. Na Santa Missa o Senhor Se oferece, dá-Se no Calvário. É na Santa Missa tradicional onde se aprofunda o mistério da Sagrada Paixão e se tem uma maior memória dos santos e dos mártires.
Ser tradicional é beber o cálice do Senhor
Ser tradicional é ser capaz de beber o cálice do Senhor. Isso implica unir-nos a Ele, sofrer por Ele e com Ele. Beber o cálice do Senhor é enfrentar o mundo, como fizeram os Apóstolos, como fez São Paulo, que, mesmo sem ter tocado o Senhor, tinha uma força incrível. Ele lutou contra todas as probabilidades, mesmo não estando aos pés da Cruz tocando os pés do Senhor. Mas via-O porque estava Nele. Nada, nem ninguém o deteve. É o exemplo de luta e tenacidade.
Ser tradicional é ser católico
Grande é a penetração do mundo no seio da Santa Igreja. A falsa abertura da Igreja a levou para uma assimilação da vida do mundo sem que antes fosse purificada. Vive-se na Igreja a moda do mundo, aceita-se o transitório em contraposição ao que é perene e que envolve a tradição. Rejeita-se a palavra tradição como oposta à Igreja atual, e por conseguinte, como contrária à transitória. Vê-se a moda do mundo como o que é vivo e presente, e a tradição da Igreja como ultrapassada e imóvel. Mas a tradição está realmente viva, porque é o que nos identifica em nossa fé comum, que não muda, confirma-nos os ensinamentos recebidos como verdadeira salvação para a alma. A transitoriedade do mundo é oposta à preocupação com a alma e sua salvação.
Ser católico é ser tradicional. Sem tradição não há Igreja. A Tradição não é em absoluto uma estrutura antiga, ela é o que Senhor quis que fosse. Tomemos um exemplo com a arte. Os que desprezam a tradição são como aqueles que queriam esvaziar o Museu do Prado de Madri de todas as obras de arte antigas, e preenchê-lo somente com obras de arte contemporânea.
Muitos queriam remover o Tabernáculo e colocar uma imagem de Buda no lugar. Faz-se meditação budista em muitas paróquias e em não menos congregações religiosas. Remover o antigo é retirar o Senhor.
Ensinamento tradicional
Pretende-se fazer crer que o ensinamento tradicional seja algo do passado, que não mais se encaixa no presente. O ensinamento não pode ser alterado. Não se pode mudar os sacramentos. Não se pode mudar a maneira de recebê-los. A Igreja Católica não é uma Igreja a mais, ela é a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Não se pode mudar os Sacramentos, não se pode mudar o Santo Sacrifício da Missa para transformá-lo em uma ceia ou uma reunião comemorativa.
Os jovens querem mudar tudo, não ouvem os conselhos dos mais velhos. Mas quando se chega a uma certa idade, percebe-se que os pais estavam certos naqueles sábios conselhos que davam aos seus filhos, frutos da própria experiência, dos próprios erros que não querem ver seus filhos cometerem. A Igreja, ao que parece, está em sua juventude, ele quer mudar tudo. Até que se dê conta de que a tradição é o verdadeiro.
Beleza sempre antiga e sempre nova
Esta é a chave. O Senhor está sempre na moda. Remover a tradição é remover o Senhor do centro da Igreja e de nossas vidas. É colocar o homem no centro, com suas ocorrências. Despreza-se o que foi recebido, confirmado pela tradição e provado no seu valor ao longo dos séculos, e, em seu lugar, acolhe-se com alvoroço a novidade corrente do homem. Olha-se com indiferença para o perene e acolhe-se o duvidoso, simplesmente por isso, por ser novidade.
A tradição da Igreja, sempre antiga e. sempre nova
Pe. Juan Manuel Rodriguez de la Rosa
A perda da salvação é um mal sem remédio
O negócio da salvação eterna é não somente o negócio mais importante, o negócio único; é além disso o negócio irreparável. "Não há falta que se possa comparar à do descuido da salvação eterna" diz Santo Eucherio. Para todos os outros males há remédio. Perdidos os bens, podem-se adquirir outros; perdido o emprego, pode-se obte-lo de novo; ainda no caso de se perder a vida, contanto que se salve a alma, está tudo reparado. Só o condenado não tem remédio. - Morre-se uma vez; e perdida a alma uma vez, está perdida para sempre: Periisse semel, aeternum et. Só lhe esta gemer eternamente no inferno com os outros infelizes insensatos. Ali o pesar maior que os atormenta, é o pensar uqe para eles acabou o tempo de remediar seus males: Finita est aestas, et nos salvati on sumus - O estio fundou-se e nós não fomos salvos.
Pergunte a esses sábios do mundo, que já estão mergulhados no abismo do fogo, perguntai-lhes que pensam hoje, e se estão contentes por terem feito fortuna na terra, agora que estão condenados a uma prisão eterna. Ouvi o que respondem, gemendo: Ergo erravimus a via veritatis - Assim nos desencaminhamos da estrada da verdade. - Mas para que lhes serve reconhecerem o erro, já que não há mais remédio para a sua eterna condenação?
Qual não seria o pesar de um homem que, tendo podido com pequena despesa acudir ao desabamento de sua casa, a encontrasse um dia em ruínas, e pensasse em sua negligência, quando não havia mais remédio? Muito maior é a pena que os réprobos sentem, pensando que perderam a alma e se condenara por sua própria cupa: A tua perdição, ó Israel; tantummodo in me auxilium tuum - A tua perdição, ó Israel, toda vem de ti; só em mim está o teu auxílio. Ó céus! Qual não será o desprezo de um cristão, no momento em que cair no inferno, quando, vendo-se encerrado nesse lugar de tormentos, refletir na sua desgreça e reconhecer que por toda a eternidade não haverá meio de há reparar! Assim, driá ele, perdi a alma, o paraíso e Deus; perdi tudo para sempre; e como? Por minha própria culpa!
Cum metu et tremore vestram salutem operamini - Com temor e tremor empenhai-vos na obra de vossa salvação. Meu irmão, avivemos a nossa fé, que tanto o inferno como céu são eternos; lembremo-nos que um ou outro nos caberá por sorte. Este grande pensamento nos encherá de medo e nos fará evitar as ocasiões de ofendermos a Deus e empregar os meios necessários para alcançarmos a salvação. Quem não treme pelo temor de se perder, não se salvará. - Façamos sobretudo por adquirir uma devoção verdadeira para com a Santíssima Virgem, e examinemos frequentes vezes se porventura estão ardendo no inferno, por terem deixado de honrar a grande Mãe de Deus!
Ah Senhor, como é possível que, sabendo que pelo pecado me condenava uma eternidade de penas, Vos tenha ofendido tantas vezes e perdido a vossa graça? Sabendo que sois meu Redentor, morto na cruz para minha salvação, como pude voltar-Vos tantas vezes as costas por um desprezível prazer? Meu Senhor, pesa-me sobre todos os males de Vos ter assim ofendido, e quisera morrer de dor. Agora amo-Vos sobre todas as coisas, de hoje em diante sereis o meu único bem, o meu único amor, e antes quero perder tudo, antes que perder mil vezes a vida, do que perder a vossa amizade.
Rogo-Vos, meu Jesus, não me repilais de vossa presença, como bem merecia; tende piedade de um pecador que volta arrependido aos vossos pés e Vos quer amar muito, porque muito Vos ofendeu. Que seria de mim, se me tivesseis deixado morrer quando estava na vossa inimizade? Ó Senhor, já que tivestes tamanha piedade de mim, dai-me força para Vos ser sempre fiel e me santificar. Espero-o pelos vossos merecimentos. Espero-o também pela vossa intercessão, ó grande Mãe de Deus e minha Mãe Maria.
Santo Afonso de Ligório
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