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O Escapulário do Carmo

Atualizado: 13 de ago. de 2023


O que é o Escapulário do Carmo?


Uma das Devoções Marianas mais difundidas é o Escapulário do Carmo. Ele consiste em duas peças retangulares de tecido (de lã), unidas por duas fitas ou cordões levados sobre os ombros (scapula, em latim; daí a origem do nome).

O tecido do Escapulário do Carmo é de lã marrom.

Pode ser lavado, podem-se mudar os cordões, pode ser revestido de plástico para não sujar, etc: o importante é que o tecido esteja em boas condições.

Há fiéis que preferem usar medalhas-escapulários, que duram mais. Isso foi permitido pelo Papa São Pio X, que em 16 de dezembro de 1910 concedeu que o Escapulário - uma vez imposto - pudesse ser substituído por uma medalha que tivesse de um lado uma imagem de Nossa Senhora e do outro lado, uma imagem do Sagrado Coração de Jesus.


O Escapulário é um Sacramental


Assim como a água benta, o Terço, as medalhas e as estampas bentas, o Escapulário do Carmo é um sacramental.

A palavra sacramental assemelha-se muito à palavra sacramento, e com razão, pois "sacramental" significa "algo semelhante a um sacramento", embora haja uma grande diferença entre um e outro. Um sacramento é um sinal externo instituído por Jesus Cristo para comunicar a graça às nossas almas. Um sacramental é também um sinal externo, mas os sacramentais foram instituídos pela Igreja e não trazem a graça por si mesmos, antes nos preparam para a graça, despertando em nós sentimentos de fé e de amor; e, além disso, tem o grande valor de uma intercessão da Igreja, diante de Deus para, que Ele nos conceda a Sua graça. Qualquer graça que possamos obter pelo uso dos sacramentais depende do poder da oração da Igreja e das nossas disposições.

Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas, pela oração da Igreja preparam para receber a graça e dispõem à cooperação com ela. 'Para os fiéis bem-dispostos, quase todo acontecimento da vida é santificado pela graça divina que flui do mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo, do qual todos os sacramentos e sacramentais adquirem sua eficácia. E quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus'. (Catecismo da Igreja Católica, 1670).


Portanto, o Escapulário não dispensa dos Sacramentos, que são os meios instituídos por Nosso Senhor como via normal para nos santificar, nem dispensa da prática das virtudes. Não leva automaticamente para o Céu as almas em pecado mortal, mas ajuda a buscar a conversão da alma, a receber bem os Sacramentos e a perseverar no bem. Ajuda aquele que tiver um mínimo de boa vontade e se arrependa, a sair do estado de pecado mortal e alcançar a graça da perseverança final.


Origens e benefícios do Escapulário do Carmo


O costume de usar o Escapulário data da Idade Média. Naquela época, era frequente permitir-se aos leigos ingressarem nas ordens religiosas como "oblatos" ou membros associados. Esses oblatos participavam das orações e boas obras dos monges, e era-lhes permitido usar o escapulário monástico.

O Escapulário era então uma longa peça de pano igual à que se enfia pela cabeça do monge, cobrindo-lhe a frente e as costas, sobre a túnica. Para ficarem mais práticos, os escapulários usados pelos membros leigos das ordens terceiras começaram a diminuir de tamanho, até chegarem às pequenas dimensões dos escapulários de hoje.

Nos nossos dias, há um total de dezoito tipos de escapulários difundidos entre os católicos, cada um originado numa ordem religiosa diferente. Mas o mais usado é o Escapulário marrom da ordem Carmelita, cuja especial padroeira é a Virgem do Carmo. A popularidade do Escapulário marrom é devida, em parte, às graças específicas que estão associadas a ele e prometida pela própria Virgem Maria nas Suas aparições a São Simão Stock e ao Papa João XII: a garantia de que todo aquele que o usar devotamente não morrerá em pecado mortal, e o privilégio sabatino, que se explica adiante.


A Visão de São Simão Stock e a Graça da Perseverança Final


São Simão Stock nasceu na Inglaterra (provavelmente em Aylesford) por volta do ano 1165; aos 12 anos de idade retirou-se para viver em solidão acompanhado de um crucifixo e de uma imagem de Nossa Senhora. Anos mais tarde, acaba por conhecer um grupo de religiosos eremitas, originários do monte Carmelo (na Terra Santa), que foram parar na Europa fugindo da perseguição muçulmana; sentindo-se enormemente atraído por essa vocação, decide juntar-se a eles. Após estudar em Oxford e assumir diversos cargos de direção, é nomeado o sexto geral (superior) da ordem do Carmelo, no ano de 1245.

Já nesse cargo, via as dificuldades e as perseguições intensas a que seus irmãos estavam sendo sujeitos, tendo a Ordem perdido muitos dos seus membros por isso. Decide recorrer à proteção de Nossa Senhora invocando-a com o título de "Flor do Carmelo".

Nossa Senhora atende a sua súplica e aparece-lhe, rodeada de anjos e segurando o Escapulário da ordem.


Em seguida, faz-lhe uma promessa: «Isto será um privilégio para ti e para todos os Carmelitas. Quem morrer com este Escapulário, não experimentará a pena do fogo eternamente, e, se morrer com ele, será salvo».

Embora a data da aparição seja incerta, situa-se dentro do generalato de São Simão (1245-1265) e é anterior ao dia 13 de janeiro de 1252, em que o papa Inocêncio IV expediu a bula Ex parte dilectorum, em que testemunha a veracidade deste privilégio. Tradicionalmente, acredita-se que ocorreu a 16 de julho de 1251 - que ficou sendo a data da festa de Nossa Senhora do Carmo -, estando o santo em Cambridge.


É preciso entender corretamente o conteúdo dessa promessa feita pela Virgem: a perseverança final - isto é, a salvação - para quem morrer usando o Escapulário. A

graça que Nossa Senhora concede aos que usam o Escapulário e morrem com ele é a de se arrependerem de todos os pecados cometidos em vida, já que uma verdade de fé que só se pode salvar quem estiver em estado de graça na hora da morte.


Em suma, para alcançar o privilégio da perseverança é preciso:


1 - Usar o Escapulário do Carmo, imposto e abençoado devidamente pelo sacerdote;

2 - Usá-lo piedosamente, ou seja, esforçando-se por cumprir os deveres cristãos;

3 - Levá-lo posto na hora da morte.


A visão de São Simão Stock é uma tradição piedosa e não matéria de fé; não é algo em que devamos crer necessariamente, embora haja bastante evidência histórica apontando para a sua veracidade. Por exemplo, o relato aparece já desde o século XIV em documentos internos da Ordem Carmelita aprovados pelos papas da época.

Além disso, devemos ter presente que muitos papas fomentaram o uso do Escapulário do Carmo e lhe concederam indulgências, como devoção grata a Santa Maria que é: ao usá-lo, ficamos sob o seu amparo maternal; e aqueles a quem foi imposto pelo sacerdote participam das missas, orações e boas obras da ordem Carmelitana.



O Papa João XXII e o Privilégio Sabatino


Conta-se que o Papa João XXII teve uma visão de Nossa Senhora a 3 de março de 1322. Nela, Nossa Senhora teria prometido a libertação do purgatório, no primeiro sábado após a morte, a todo aquele que cumprir as seguintes condições:


1 - Usar o Escapulário do Carmo, imposto e abençoado devidamente pelo sacerdote;

2 - Usá-lo piedosamente, ou seja, esforçar-se por cumprir os deveres cristãos;

3 - Levá-lo posto na hora da morte;

4 - Observar o sexto e o nono mandamentos de acordo com o seu estado de vida, isto é, não pecar contra a castidade e não cometer adultério;

5 - Recitar o Pequeno Oficio de Nossa Senhora, ou, se iletrado, jejuar quando manda a Igreja e também abster-se de carne nas quartas-feiras e nos sábados. A recitação do Pequeno Oficio pode ser comutada por um padre que tenha faculdade para tal; geralmente é substituída pela recitação de uma parte do santo rosário diariamente. Aqueles - sacerdotes em sua maioria - que já recitam o Oficio Comum de Nossa Senhora também satisfazem a condição.


Indulgências Plenárias associadas ao uso do Escapulário


Além dos dois privilégios especialíssimos do Escapulário, a Igreja concede indulgência plenária nas datas que se indicam a seguir àqueles fiéis que cumprirem as condições habituais para tanto (Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e Oração em intenção do Sumo Pontífice em dias próximos a essas datas):


1. No dia da imposição do Escapulário;

2. Na solenidade de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho);

3. Na festa de São Simão Stock (16 de maio);

4. Na festa de Santo Elias, profeta (20 de julho);

5. Na festa de Santa Teresa de Jesus (15 de outubro);

6. Na festa de São João da Cruz (14 de dezembro);

7. Na festa de Santa Teresa do Menino Jesus (1 de outubro);

8. Na festa de todos os santos da ordem do Carmo (14 de novembro).


O uso do Escapulário do Carmo


Todos os católicos podem usar o Escapulário.

Contudo, é necessário que ele seja devidamente imposto e abençoado por um sacerdote.

Podem recebê-lo também as crianças batizadas, mesmo inconscientes, e os doentes destituídos dos sentidos, pois, parte-se do princípio de que, se conhecessem o seu valor, quereriam recebê-lo.

A imposição é uma brevíssima cerimônia que deve ser feita sempre por um sacerdote, conforme o rito próprio.

O uso do Escapulário sem a prévia imposição, mesmo que ele tenha sido abençoado, não traz os dons prometidos por Nossa Senhora, embora possa exprimir uma disposição louvável de fé e oração. Quando um Escapulário se gasta e é preciso substituí-lo por outro, convém pedir a um sacerdote que abençoe o novo (basta uma bênção com um simples "sinal da cruz"), mas não é preciso repetir a imposição, que é feita de uma vez para sempre.

Vale a pena lembrar que somente é válida a imposição do Escapulário de pano. Mais tarde, se se quiser usar uma medalha, bastará guardar o de pano e usar a medalha, também benta, fazendo-se a intenção de usá-la para substituir o Escapulário.

Queimar o Escapulário ou enterrá-lo também é válido.


Inicialmente, apenas os sacerdotes da Ordem do Carmo ou uns poucos autorizados pela Santa Sé podiam realizar o ritual de imposição do Escapulário. Mas, a 28 de janeiro de 1964, o Papa Paulo VI autorizou todos sacerdotes a realizarem a imposição, o que mostra o desejo da Santa Igreja e do Espírito Santo que a move, de que todos o possam usar com facilidade.


Histórias sobre sobre o Escapulário do Carmo


Santo Afonso Maria de Ligório e São João Bosco nutriam grande devoção à Virgem do Carmo e usavam o Escapulário. Quando Santo Afonso faleceu, foi enterrado com as suas vestes sacerdotais e com o seu Escapulário. Anos mais tarde, quando abriram o seu túmulo, descobriu-se que o corpo e as vestes se tinham tornado pó, mas que o Escapulário continuava intacto. O Escapulário de Santo Afonso está exposto no convento dos Redentoristas em Roma.


São Pedro Claver, grande missionário, esforçava-se pela salvação das almas de cada um dos escravos que eram trazidos ao porto de Cartagena, Colômbia, chegando a mais de trezentos mil conversos. Organizava aulas de catecismo, batizava e impunha a cada um dos neófitos o Escapulário.


São Cláudio de la Colombière (diretor espiritual de Santa Margarita Maria Alacoque): «Não, não basta dizer que o Escapulário é um sinal de salvação. Eu sustento que não há outro que faça nossa predestinação tão certa...».


Um dia o Venerável Francisco Yepes deixou cair o Escapulário; enquanto voltava a colocá-lo, o demônio o interpelou: «Livre-se deste hábito que nos arrebata tantas almas».


Recordemos também que o Escapulário é um sinal poderoso do amor e da proteção maternal de Maria e de seu chamado a uma vida de santidade e sem pecado. Usar o Escapulário é uma resposta de amor à Mãe que vem dar-nos um presente de Sua misericórdia. Devemos usá-lo como sinal de que pertencemos a Ela, desejamos imitá-la e viver na sua graça sob Seu manto protetor.


























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