Neste maravilhoso texto do Padre León Dehon, percebemos melhor o que agrada Nosso Senhor é um amor desinteressado por Ele.
Ele é o próprio Amor e Perfeição; quanto a nós, como Seus filhos muito amados, devemos O amar em todos os nossos atos, e se realmente O amamos, procuramos não O ofender em nada. Desejamos O amar sempre mais, pois Ele é todo Amor para nós.
Se unirmos forças e empenho nesta decisão com essa compreensão, mais facilmente e prudentemente caminharemos com Ele, reconhecendo que não somos perfeitos mas, o objetivo é confiarmos que, apesar disso, podemos alcançar a perfeição, não justificando as misérias que temos, como um grande obstáculo.
Meditemos com essa leitura como é possível amá-Lo com o puro Amor.
Reflexões. - Jesus atrai a Si aqueles que O amam e o Seu contato santifica-os, leva-os à perfeição, porque Ele é a santidade e a perfeição mesma. No entanto, é preciso
compreendê-Lo bem, Ele deseja que O amemos por Ele mesmo e não por causa de nós. Se Lhe testemunhamos um amor interessado, ditado pelo cálculo, isso toca-O pouco.
Muitos amam Nosso Senhor em vista das Suas graças, dos Seus benefícios. Amam-No porque a piedade tem muitas vezes, sobretudo para os iniciantes, doçuras e consolações; e
quando chega a aridez, perdem a coragem.
Outros amam Nosso Senhor e servem-No em vista das bênçãos temporais que daí lhe advirão. Também, desde que uma provação chega, um revês da fortuna, uma doença, a perda de um familiar, arrefecem e às vezes recusam Nosso Senhor.
Outros finalmente têm demasiado constantemente em vista no seu amor as penas e as recompensas da outra vida.
Estas almas rezam, mas sobretudo para obter benefícios.
Mal sabem louvar, amar, agradecer. A segunda parte do Pater toca-as, mas a primeira deixa-as frias. Atêm-se mais ao pão quotidiano do que ao reino de Deus mesmo.
Já não há aí verdadeiramente amor, é um procedimento diplomático. Jesus descobre todos os cálculos porque perscruta os rins e os corações. Os que amam por cálculo são mais servos do que seus amigos.
Colóquio: O discípulo. - Perdoai-me, pois, bom Mestre, ter-Vos amado tão imperfeitamente até ao presente.
O Salvador. - Com os meus amigos, não conto. Sou tão feliz por ser amado por um coração que não tem outra paixão senão a de Me amar, de tal modo que esqueço todo o passado. O meu amor cobre-o inteiramente. Quem Me ama apaixonadamente já não se preocupa com a minha justiça, mas com o meu Coração. Mas por mais apaixonadamente que alguém Me ame, Eu amo-o com mais paixão ainda, porque estou louco de amor. As dívidas dos Meus amigos são pagas pelo Meu amor com tal abundância que aqueles que Me deviam se tornam num instante ricos, ricos de todos os tesouros do Meu Coração, porque não posso recusar nada àqueles que Me amam. Sou tudo para eles. O Meu Coração pertence-lhes com os Seus tesouros; nele se perdem como num oceano de amor. Por que é que havia
de contar com eles, uma vez que eles não contam Comigo?
Ninguém Me pode vencer em generosidade; mas quando alguém toca no Meu Coração por amor, envolvo o amante do Meu Coração com todos os afetos da Minha ternura.
Ah! Se os padres, se os privilegiados do Meu Coração, compreendessem bem que amor tenho por eles, como Me amariam! Um dos Meus fiéis servos, (o cura de Ars), dizia que morreriam de amor.
Os padres sobretudo devem dar a Nosso Senhor este amor desinteressado
Reflexões. - Não o sabem bastante por sua culpa. A sua missão não é a de fazer amar Jesus? Como fazê-lo amar sem fazer conhecer as razões que temos de O amarmos?
Estas razões, expomo-las bem aos outros, mas friamente e sem nos preocuparmos bastante de as saborearmos nós mesmos. Ou então concedemos a Jesus um amor de razão, ou mesmo de vontade, no qual o coração não tem nenhuma parte, como se fosse possível a alguém amar sem dar o próprio coração. Muitos permanecem assim, embora com boas intenções, frios servos, quando Jesus queria ver neles amigos. Porque se Jesus quer encontrar amigos em todos os seus discípulos, foi particularmente aos Seus apóstolos
e aos Seus padres que disse: «Já não sois meus servos, mas amigos». As relações íntimas e diárias do Salvador com os Seus padres, particularmente no santo altar, exigem esta amizade. O padre representa Jesus e continua a sua missão, deve haver entre eles esta comunhão de intenções e de sentimentos que é o próprio da amizade.
O padre deve desposar todos os interesses de Jesus, partilhar todas as suas solicitudes, alegrar-se com as suas conquistas, entristecer-se com as suas perdas. Sto. Agostinho
disse: «Sacerdos alter Christus», o padre é um outro Cristo.
Dizemos também de um amigo: é um outro eu.
A intimidade de Jesus com os Seus apóstolos era o sinal da amizade. Quer ter a mesma amizade com os Seus padres.
Mas muitos não O compreendem inteiramente.
Com estes é bem obrigado a contar para lhes dar as Suas graças, porque contam com Ele. Não falamos aqui dos maus padres que fazem a desolação do divino Coração, mas dos
servos exatos, capazes de uma certa dedicação, mas cujo ministério permanece pouco frutuoso porque lhe falta a vida do coração.
O Salvador. - Como seria depressa mudada a face do mundo se todos os padres fossem amigos do meu Coração!
Que prodígios de santificação e de conversão não realizaria pelo seu ministério! Renovar os Meus padres no e pelo Meu amor, eis o Meu maior desejo. Que os padres se aqueçam nos ardores do Meu Coração e farei prodígios para fecundar o seu ministério de amor. Ministério de amor, tal é aquele que Eu quereria ver cumprido pelos Meus padres. Eu sou
todo amor; os meus ministros devem ser ministros do amor e não poderão sê-lo a não ser que sejam inflamados pelo Meu amor.
A verdadeira devoção ao Coração de Jesus renovará o mundo
Reflexões. - A devoção ao divino Coração de Jesus produzirá uma renovação do mundo.
Recordai-vos das promessas que fez a Margarida Maria para os padres dedicados ao Seu Coração: «O seu ministério será fecundo, tocarão os corações mais endurecidos».
Por que é que estas promessas não obtiveram até agora uma mais larga realização? É porque os padres não dão bastante o seu coração a Nosso Senhor. O dom do coração é a devoção que Ele pediu a Margarida Maria e que pede ainda. «A ingratidão dos homens, dizia, é-me mais sensível do que o que sofri na Minha paixão; se eles me retribuíssem algum amor, consideraria pouco tudo o que sofri por eles, e quereria, se isso fosse possível, sofrer ainda mais. - Tu ao menos, dá-me esta alegria de suprir à sua ingratidão tanto quanto possas ser capaz». Noutra vez dizia-lhe: «Derrama lágrimas sobre a insensibilidade destes corações que tinha escolhido para os consagrar ao Meu amor». E ainda: «Venho no coração que te dei, a fim de que pelo seu ardor, tu repares as injúrias que recebi destes corações tíbios». - «O teu coração é um altar onde o fogo do Meu amor deve arder continuamente».
O Salvador. - É esta vida de amor que espero dos Meus amigos e sobretudo dos Meus padres e é a condição das Minhas grandes graças.
Afetos e resoluções
Senhor respondo-Vos com Margarida Maria: «Que tendes feito para ganhar o coração dos homens? Ah! Como é bom O bem-amado da minha alma, porque é que não O posso amar tanto como desejo? Ó Coração divino, quero arder nos Vossos fogos e viver da Vossa vida. Já não quero viver senão de Vós, por Vós e para Vós».
«Já não vos chamo servos, mas amigos» (Jo 15, 15).
«O amor é desinteressado» (1Cor 13).
«Cristo morreu por todos, a fim de que os que vivem não vivam para si mesmos mas para aquele que morreu por eles e que ressuscitou» (2Cor 5, 15).
Introdução de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos
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