Quantas descobertas haverá para fazer no além! Ficaremos espantados ao encontrar aqueles que, sem conhecerem Cristo, viveram Dele sem o saberem.
Cristo Ressuscitado, de forma mansa e tranquila, as Tuas palavras ressoam em nós: «Porque haveis de andar preocupados?
Uma só coisa é necessária: um coração que escuta o Evangelho e o Espírito Santo».
O nosso interior pode desfazer-se com remorsos extenuantes. Manter-se em Deus, em espera contemplativa, abre caminho a consentimentos indispensáveis: ao consentimento das nossas fragilidades e dos nossos próprios limites. E aquilo que parecia insípido recobra um novo paladar. E no coração desperta a paz.
É tão grande a nossa necessidade de viver em comunhão com Cristo! Esta comunhão reanima em nós uma vida interior. Viver para Ele implica uma existência por vezes exposta, não dobrada sobre si mesma.
Jesus, esperança dos nossos corações, quando compreendemos que o Teu amor consiste sobretudo em perdão, há qualquer coisa na nossa vida que fica em paz, ou mesmo transformada. Perguntamos-Te: que esperas de mim? E, pelo Espírito Santo, Tu respondes: que nada te perturbe, ousa dar a vida.
A nossa oração é uma realidade simples. E se for apenas um mero suspiro? Deus sabe ouvir-nos. E não esqueçamos que, no coração da pessoa humana, está o próprio Espírito Santo a orar.
A fé não exige que se destrua o desejo humano, nem que seja exaltado, mas que seja integrado num desejo ainda maior: a sede de Deus. Sim, o mero desejo de Deus já é o começo da fé.
«Eu permaneço em vós». Na Eucaristia, estas palavras de Cristo tornam-se atuais, mesmo que não obtenham ressonância sensível no coração, mesmo para quem, dificilmente, ousa ter essa esperança.
Salvador de todas as vidas, ao seguir-Te, escolhemos amar e nunca endurecer o nosso coração. E, se o mais profundo do nosso ser for assaltado por uma provação, há um caminho que permanece aberto: o da confiança serena.
Em meados do século XX, surgiu um homem chamado João, nascido numa humilde família rural do Norte de Itália.
Ao anunciar o Concílio, este homem já ancião - João XXIII -, pronunciou algumas das palavras mais cristalinas que há: «Não vamos procurar saber quem se enganou ou quem
teve razão, diremos apenas: reconciliemo-nos!».
No nosso último encontro com ele, pouco antes da sua morte, estávamos três irmãos da nossa comunidade. Compreendíamos claramente quão profundo era o desejo de João XXIII de que nos mantivéssemos serenos quanto ao futuro da nossa vocação. Ele indicou isso de modo preciso, fazendo círculos com as mãos: «A Igreja é feita de círculos
concêntricos cada vez mais amplos». Não teríamos já alcançado o essencial se, em vez de cair na inquietação, avançássemos com paz do coração?
Na sua vida terrena, Jesus orava e o Seu rosto foi transfigurado pela luz. Na súplica, orou também com lágrimas.
Jesus Cristo, são muito numerosos os jovens e crianças marcados por abandonos humanos, que se sentem como estrangeiros na Terra. Alguns deles questionam-se: «A minha vida ainda terá sentido?» E Tu asseguras-nos: «Sempre que aliviardes o sofrimento a um inocente, é a mim, Cristo, que o fazeis».
Na Terra, existem violências físicas, guerras, torturas, assassínios... Existem também violências subtis que se dissimulam em jogos de astúcia e de suspeita, em desconfiança e humilhação...
«Em Deus não há violência. Deus enviou Cristo não para nos acusar, mas para nos chamar a Si; não para nos condenar, mas porque nos ama».
Através do Seu perdão, Deus encerra o nosso passado no coração de Cristo e alivia as feridas secretas do nosso ser.
Quando somos capazes de exprimir a Deus tudo o que sobrecarrega a nossa vida e mantém em nós a angústia de um julgamento, as nossas regiões obscuras começam a clarear. Saber-se escutado, compreendido, perdoado por Deus, é uma das fontes da paz... que traz consigo mesma a cura do coração.
Nem as infelicidades, nem a injustiça da pobreza provêm de Deus: Deus apenas pode dar o Seu amor. E é com grande espanto que descobrimos que Deus olha para cada ser humano com uma infinita bondade e uma profunda compaixão.
Jesus, nossa esperança, a Tua compaixão é sem limites. Temos sede da Tua presença. Tu dizes-nos: «Porquê ter medo? Nada temas, Eu estou aqui».
Um sim a Deus para a vida inteira é fogo. Seis séculos antes da vinda de Cristo, o profeta Jeremias já tinha compreendido isso mesmo. Desanimado, dizia para consigo:
«Não pensarei Nele mais! Não falarei mais em Seu nome!»
Mas veio o dia em que teve o ensejo de escrever: «No meu coração, a Sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus ossos. Esforçava-me por contê-lo, mas não podia».
Pelo mundo fora, mulheres, homens e jovens são fermento de reconciliação até onde existem fraturas na família humana. Habitados por um sentimento de confiança, têm tudo o que é preciso para devolver coragem a quem estava condenado à dúvida e ao desencanto, para amparar a bonita esperança humana. Estaremos nós entre estas pessoas?
Deus de misericórdia, Tu deixas-Te vislumbrar através da vida do Teu Cristo. Por Ele, Tu dás-nos esta clara certeza: o Teu amor é, acima de tudo, compaixão.
Quando oramos e nada parece acontecer, ficaremos realmente sem acolhimento favorável? Não. Em ambiente de serena confiança em Deus, toda a oração alcança resposta. Será diferente, porventura, daquilo que estávamos à espera... Deus não acolherá a oração em função de um amor ainda maior?
Uma criança pode ficar magoada por tensões familiares, por certas altercações que os adultos possam ter na sua presença. Ela pode sofrer um sentimento de abandono. E
nasce nela a vontade de não ficar desamparada. É frequente perguntarmos: o que se terá passado com esta criança?
Terá sido humilhada na escola, na rua, ou noutro lugar?
Haverá alguém que a faça passar por um vazio suscetível de atingir as suas profundezas? Escutar uma criança, um adolescente, implica discrição e delicadeza, de modo a evitar que uma possível ferida se agrave ainda mais.
Se na nossa vida houver abalos, ou até algum estremeção, Jesus Cristo está presente, através do Seu Espírito Santo. E dir-nos-á sempre: «Quando te encontrares no momento mais árduo da provação, estarei firme ao pé do teu desespero... Encontro-Me também nas profundezas da esperança».
Espírito Santo, desejamos acolher-Te com grande simplicidade. É, antes de mais, através do coração que nos permites sondar o mistério da Tua presença invisível no centro da nossa alma.
Quando Jesus ressuscitado diz no Seu Evangelho: «Dou-vos a Minha paz», não está a propor uma vida sem luta interior. Convida-nos a compreender que a paz do coração
decorre em primeiro lugar do espírito de misericórdia.
Quando vives longe de Deus e chegas ao ponto de esquecê-Lo, Ele nunca deixa de te procurar e dirige-te estas palavras surpreendentes: «Em ti pus a minha alegria».
Espírito Santo, mistério presente em nós, a Tua voz faz-se ouvir no fundo das nossas esperanças e das nossas penas. Tu dizes-nos: «Abre-te!» Se alguma vez estivermos como que sem palavras, eis que, para orar, bastará uma só palavra.
Na arte da música, o indizível pode levar-nos à contemplação. Uma peça de um Johann Sebastian Bach é capaz de tornar audível a súplica humana na sua totalidade. E, desse modo, levantar o véu que envolve o Deus escondido da Escritura.
São João escreve estas palavras espantosas: «No meio de vós está quem vós não conheceis». Quem será esse alguém no meio de nós? É Cristo Ressuscitado. Talvez O
conheçamos pouco, mas Ele permanece muito perto de cada ser humano.
Feliz aquele que vive da confiança da fé! Descobre o mistério mais vasto que há, que é a presença contínua de Deus.
Deus nosso Pai, gostaríamos de Te amar com todas as nossas forças, com toda a nossa alma. Sabes, no entanto, que pode haver em nós certas resistências interiores. Concede-nos a audácia de galgar essas muralhas, para ousarmos renovar, uma vez mais e sempre, o sim expresso no dom da nossa vida.
João Baptista já fora capaz desta intuição: Cristo não vem para alguns, mas para todos. Reside aqui uma das mensagens jubilosas do Evangelho.
O que Deus dá parece por vezes tão grande... e nós somos tão pobres! Ele oferece aquilo que se nos afigura difícil de imaginar: o nosso coração ser habitado por Cristo, pelo Espírito Santo.
Há regiões do mundo onde se deu um enfraquecimento da fé. Onde existe um vazio, podem vicejar correntes de religiosidade com os conteúdos mais díspares. Resta-nos,
então, perguntar: como preparar a continuidade de Cristo, quando os Seus vestígios desaparecem?
Abençoa-nos, Jesus Cristo, Tu que vens serenar o nosso coração quando sobrevém o incompreensível, o sofrimento dos inocentes.
No século II, Ireneu, cristão da terceira geração, possui a certeza clara de uma comunhão em Cristo. Ele legou-nos estas linhas: «O esplendor de Deus é o homem vivo. A vida do homem é a contemplação de Deus».
Estaremos suficientemente conscientes disto? Há felicidade no dom humilde de nós próprios. Surge, então, o inesperado. O dia em que nos é oferecido aquilo de que não estávamos à espera. São superados os caminhos da obscuridade, as longas noites mal iluminadas. As situações de luta, de impasse, longe de nos enfraquecerem, podem até chegar ao ponto de nos construir interiormente.
«Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, rezai pelos que vos caluniam». Compreender estas palavras de Cristo supõe terem-se atravessado desertos interiores...
Jesus Ressuscitado, dá-nos um coração decidido, capaz de se manter fiel a Ti. E se nos questionarmos: «Será possível?» - o Teu Evangelho vem abrir-nos os olhos ao Teu amor, que é perdão e luz interior.
Para progredir na confiança em Deus é bom afeiçoarmo-nos a certas realidades do Evangelho e voltar constantemente a elas: «Viver em tudo a paz do coração, a alegria,
a simplicidade, a misericórdia».
Ficamos surpreendidos com a dúvida? Não nos deixemos paralisar por tão pouco! Já quando Jesus andou pela Terra, não faltavam a Seu lado discípulos marcados pela
dúvida. A um deles, disse: «Felizes os que acreditam sem terem visto!».
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