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Da prática da caridade em pensamento



Se queres praticar a bela virtude do amor do próximo, empenha-te em repelir todo juízo temerário, toda a desconfiança, toda a suspeita infundada a respeito de teu próximo. É uma grande falta duvidar sem razão da inocência do próximo; falta ainda maior é alimentar uma verdadeira suspeita contra ele e pior ainda ter por certo, sem motivo ou prova suficiente, que ele cometeu algum mal. Quem assim julga será, por sua vez, julgado. "Não julgueis, diz o divino Salvador, para que sejais julgados; com o mesmo juízo que julgardes sereis também julgados." (Mt 7,12).


Disse eu - sem razão suficiente - porque quando há motivos ponderosos para se suspeitar ou mesmo crer algum mal de outrem, não se comete falta alguma com tais pensamentos.

Se sobrevier a nosso próximo algum sofrimento ou doença, se lhe suceder alguma desgraça ou doença, a caridade exige, nesse caso, que tenhamos compaixão dele, ao menos na parte superior da alma. Digo na parte superior da alma, pois, ouvindo que pessoas que nos são antipáticas foram atacadas por alguma desgraça, nossa natureza rebelde sente alguma complacência nisso. Se te sentires inclinado, na parte inferior da alma, a te alegrares com a desgraça de seu próximo, deixa então tua má inclinação gritar como um irracional e procura, na parte superior, compadecer-te de teu infeliz próximo.


Certamente é lícito, alegrar-se do feliz resultado que se espera obter em consequência dos males temporais sucedidos a alguém. Por exemplo, se um pecador, que serve de escândalo a outros ou vive obstinado, fica doente, é lícito alegrar-se disso na esperança de que essa doença o levará a entrar em si e a converter-se ou, ao menos, a pôr fim a seus escândalos.

Devemos corrigir o próximo quando ele erra, e isso não é julgamento temerário, é caridade!

Continua Santo Afonso: "quem vê seu próximo lançar-se no precipício, diz S. Agostinho, irando-se, ou injuriando-se a seu irmão, e deixa de o repreender, merece maior castigo por seu silêncio que o outro por sua injúria. Não te desculpes com tua incapacidade em corrigir defeitos alheios, já que para isso não se requer tanta sabedoria como caridade, diz S. Crisóstomo. Corrige a teu próximo no tempo oportuno, com caridade e mansidão, e conseguirá o teu intento.


Não seria cruel o que visse um pobre cego dirigir-se para um abismo e não o avisasse do perigo eminente de morte em que se acha? Muito mais cruel ainda é quem, podendo preservar seu irmão da morte eterna, deixa de o fazer. "não digas, porém: isso não é comigo. Nisso não me intrometo. Foi essa a resposta de um Caim: "Sou eu, talvez, o guarda de teu irmão?".

Cada um, podendo, está obrigado a preservar seu próximo da perdição eterna.


Os escritos são tão claros que é desnecessário acrescentar algo. O Julgamento temerário é falar o que não se conhece e não se sabe. Entretanto se é algo que a Igreja já julgou, um mal público (homossexualismo, aborto, comunismo, modernismo, apostasia, blasfêmia, etc), nunca será julgamento temerário. É até nosso dever nos posicionar contra estas coisas. Existem erros que já veem previamente julgados, começando pela Bíblia que condena muitos atos errados com palavras até mais fortes que as nossas, depois por documentos católicos, Papas e Santos. Então temos que ter discernimento para compreender isso, evitar o pecado e ao mesmo tempo ser caridoso com o próximo.



Assim disse São Tomás de Aquino, o doutor Angélico:



"Nem vai contra a natureza da paciência atacarmos, quando necessário, quem faz o mal; porque, como disse São João Crisóstomo acerca daquilo da Escritura – "Vai-te satanás" (Mt IV,10) – sofrermos com paciência as injúrias que nos atingem, é digno de louvor; mas, é excesso de impiedade tolerar pacientemente as injúrias feitas contra Deus”. (São Tomás de Aquino, Suma Teológica, 2a. 2ae., q. 136, a. 4, ad. 3).


Ainda o mesmo santo, doutor da Igreja diz:

“Se descuidares de corrigir, te tornas pior que aquele que pecou” (Santo Tomás. Suma Teológica. Parte II-II, art. 33, a. 2).



São Francisco de Sales, doutor da Igreja:



"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, desde que não se falte à verdade, sendo obra de caridade gritar: "Eis o lobo!'" quando está entre o rebanho ou em qualquer lugar onde seja encontrado". (Filotéia ou Introdução à Vida Devota, parte III, cap. 28).



As Sagradas Escrituras:



“Entre os homens iníquos não me assento, nem me associo aos trapaceiros. Detesto a companhia dos malfeitores, com os ímpios não me junto” (Salmo 25, 3-5).

Essa mesma orientação sobre a proximidade com os hereges encontramos na segunda Epístola do Apóstolo São João:


“Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis” (II São João 1,10). E mais:

“Com efeito, há muitos insubmissos, charlatães e sedutores, principalmente entre os da circuncisão. É necessário tapar-lhes a boca, repreende-os severamente, para que se mantenham sãos na fé” (Tito 1, 10-13).



Respeitar o erro, é falta de caridade.



“A doutrina católica nos ensina que o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, por sinceras que sejam, nem na indiferença teórica ou prática ao erro ou vício em que vemos mergulhados nossos irmãos. Se Jesus foi bom para os transviados e pecadores, não respeitou suas convicções errôneas por sinceras que parecessem; amou-os a todos para os instruir, converter e salvar" (Papa São Pio X, Notre charge apostolique, 25 de outubro de 1910 (condenação do Sillon).


E ainda, São João Crisóstomo:

"Aquele que não se enraivecer quando a razão o exige, comete um pecado grave; Pois a paciência não regulada pela razão propaga os vícios, favorece as negligências e leva ao mal. Não somente os maus, mas sobretudo, os bons." (São João Crisóstomo: Hum. XI, in nath).



Teríamos centenas de escritos de santos a mais para listar aqui, mas cremos serem suficientes os que colocamos. Certos de termos esclarecido esta questão tão importante, finalizamos aqui. Sempre temos que recorrer aos Santos e a Igreja para saber o que de fato é um julgamento temerário. E julga mais aquele que ignora a Igreja e aponta o dedo para o irmão que condena os erros, sem ter conhecimento e base suficiente.


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