Estamos a celebrar o tempo pascal que iniciou no Domingo de Páscoa até ao dia de Pentecostes. O Senhor Jesus ressuscitou gloriosamente sobre a morte e o pecado para a nossa salvação.
Abaixo segue um texto a nos explicar sobre o Tema.
Uma continuação de Santa Páscoa à todos! Jesus Ressuscitou! Aleluia! Aleluia! Aleluia!
A Ressurreição de Cristo é verdade fundamental da nossa fé, como diz São Paulo (cf. 1Cor 15, 13-14). Com este facto, Deus inaugurou a vida do mundo futuro e pô-la à disposição dos homens.
1. Cristo foi sepultado e desceu aos infernos.
Depois de padecer e morrer, o corpo de Cristo foi sepultado num sepulcro novo, não longe do lugar onde o tinham crucificado. A sua alma, pelo contrário, desceu aos infernos. A sepultura de Cristo atesta que morreu verdadeiramente. Deus dispôs que Cristo sofresse o
estado de morte, quer dizer, de separação entre a alma e o corpo (cf. Catecismo, 624).
Durante o tempo que Cristo permaneceu no sepulcro, quer a alma quer o corpo, separados
entre si por causa da morte, continuaram unidos à sua Pessoa divina (cf. Catecismo, 626).
Porque continuava a pertencer à Pessoa divina, o corpo morto de Cristo não sofreu a corrupção do sepulcro (cf. Catecismo, 627; Act 13, 37). A alma de Cristo desceu aos infernos.
«Os "infernos" (não confundir com o inferno da condenação), ou mansão dos mortos, designam o estado de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes de Cristo»
(Compêndio, 125). Os justos encontravam-se num estado de felicidade (diz-se que
repousavam no "seio de Abraão") embora não gozassem ainda da visão de Deus. Dizendo
que Jesus desceu aos infernos, entendemos a Sua presença no "seio de Abraão" para abrir as portas do Céu aos justos que O tinham precedido. «Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos, os justos que esperavam o Redentor, para acederem
finalmente à visão de Deus» (Compêndio, 125).
Com a descida aos infernos, Cristo mostrou o seu domínio sobre o demónio e sobre a morte, libertando as almas santas que estavam retidas para as levar à glória eterna. Deste
modo, a Redenção - que devia abranger os homens de todos os tempos - aplicou-se aos que tinham precedido Cristo (cf. Catecismo, 634).
2. Sentido geral da glorificação de Cristo
A glorificação de Cristo consiste na sua Ressurreição e Exaltação nos céus, onde Cristo
está sentado à direita do Pai. O sentido geral da glorificação de Cristo está na relação com a
sua morte na Cruz. Como pela paixão e morte de Cristo, Deus eliminou o pecado e reconciliou o mundo consigo, de modo idêntico, pela ressurreição de Cristo, Deus inaugurou a vida do mundo futuro e pô-la à disposição dos homens.
Os benefícios da salvação não derivam apenas da Cruz mas também da Ressurreição de
Cristo. Esses frutos aplicam-se aos homens pela mediação da Igreja e pelos sacramentos.
Concretamente, pelo Batismo recebemos o perdão dos pecados (do pecado original e dos
pessoais) e o homem reveste-se, pela graça, com a nova vida do Ressuscitado.
3. A Ressurreição de Jesus Cristo
"Ao terceiro dia" (da Sua morte), Jesus ressuscitou para uma vida nova. A Sua alma e o
Seu corpo, plenamente transfigurados com a glória da Sua Pessoa divina, voltaram a unir-se.
A alma assumiu de novo o corpo e a glória da alma comunicou-se na totalidade ao corpo.
Por este motivo, «a Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo
ressuscitado é Aquele que foi crucificado, e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é
doravante participante da vida divina, com as propriedades dum corpo glorioso» (Compêndio, 129).
A Ressurreição do Senhor é o fundamento da nossa fé, posto que atesta de modo
incontestável que Deus interveio na história humana para salvar os homens. É garantia da
veracidade do que prega a Igreja sobre Deus, sobre a divindade de Cristo e a salvação dos
homens. Pelo contrário, como diz São Paulo, «se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé» (1
Cor 15, 17).
Os Apóstolos não puderam enganar-se ou inventar a Ressurreição. Em primeiro lugar, se
o sepulcro de Cristo não tivesse estado vazio não teriam podido falar da ressurreição de
Jesus; além disso, se o Senhor não lhes tivesse aparecido em várias ocasiões e a numerosos
grupos de pessoas, homens e mulheres, muitos discípulos de Cristo não a tinham podido
aceitar, como sucedeu inicialmente com o apóstolo S. Tomé. Muito menos eles teriam
podido dar a vida por uma mentira. Como diz São Paulo: «E se Cristo não ressuscitou (...)
somos assim considerados falsas testemunhas de Deus, porque demos testemunho contra
Deus dizendo que ressuscitou Cristo, a Quem não ressuscitou» (1 Cor 15, 14.15). E, quando
as autoridades judaicas queriam silenciar a pregação do evangelho, São Pedro respondeu:
«Deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou
Jesus, a Quem vós matastes suspendendo-O num madeiro. (...) Nós somos testemunhas
destas coisas» (Act 5, 29-30.32).
«Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e
testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus,
transcende e supera a história, como mistério da fé» (Compêndio, 128). Por este motivo
Jesus ressuscitado, embora possuindo uma verdadeira identidade físico-corpórea, não está
submetido às leis físicas terrenas e sujeita-se a elas apenas enquanto o deseja: «Jesus
ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos Seus discípulos como Ele quer, onde Ele quer e sob aspetos diversos» (Compêndio, 129).
A Ressurreição de Cristo é um mistério de salvação. Mostra a bondade e o amor de Deus
que recompensa a humilhação do Seu Filho e emprega a Sua omnipotência para encher os
homens de vida. Jesus ressuscitado possui, na Sua humanidade, a plenitude de vida divina
para a comunicar aos homens. «O Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o
princípio da nossa justificação e da nossa ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a
graça da adoção filial que é participação real da Sua vida de Filho unigénito; depois, no
final dos tempos, Ele ressuscitará o nosso corpo» (Compêndio, 131). Cristo é o primogénito
entre os mortos e todos ressuscitaremos por Ele e n'Ele.
Da Ressurreição de Nosso Senhor, devemos retirar para nós:
a) Fé viva: «Aviva a tua fé. - Cristo não é uma figura que passou. Não é uma recordação
que se perde na História. Vive! "Jesus Christus heri et hodie: ipse et in saecula!" - diz São
Paulo - Jesus Cristo ontem e hoje e sempre!»;
b) Esperança: «Nunca desesperes. Morto e corrompido estava Lázaro: "iam foetet,
quatriduanus est enim": já fede, porque há quatro dias que está enterrado, diz Marta a Jesus. Se ouvires a inspiração de Deus e a seguires ("Lazare, veni foras!": Lázaro, vem para
fora!), voltarás à Vida»;
c) Desejo de que a graça e a caridade nos transformem, levando-nos a viver vida sobrenatural, que é a vida de Cristo: procurando ser realmente santos (cf. Cl 3, 1 e seg.).
Desejo de limpar os nossos pecados no sacramento da Penitência, que nos faz ressuscitar
para a vida sobrenatural - se a tivéssemos perdido pelo pecado mortal - e recomeçar de
novo: nunc coepi (Sl 76, 11).
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