A esmola deve ser feita durante a vida
O preceito da esmola há de ser praticado durante a vida.
Alguns há que raciocinam deste modo: «Agora penso em desfrutar o meu capital e não quero diminuí-lo com doações e esmolas; quando estiver à morte, deixarei um legado para os pobres, mandarei rezar muitas Missas...» Não! Esses tais se enganam crassamente. Jesus Cristo ordena que se dê esmola do supérfluo dia a dia, toda a vida, porque se os pobres têm fome, não podem esperar até a vossa morte. Além disso, o bem que fazemos durante a vida vale muito mais do que na hora da morte quando somos obrigados a deixar tudo.
Costumava dizer S. Leonardo de Porto Maurício: «Ilumina mais um lume diante, que não dois atrás». E queria dizer com isso que vale mais o pouco em vida do que o muito na morte e depois da morte.
Ademais, tendes certeza de que a vossa vontade será executada? Quantas vezes não se faz desaparecer o testamento, ou é contestado no tribunal ou interpretado em outro sentido!
Quase todas as obras pias se lamentam de alguma injustiça na execução de testamentos em seu favor. O bem que se pode fazer hoje não se deve deixar para amanhã, pois a vida é
incerta e pode chegar improvisadamente a morte. Fazendo bom uso do nosso dinheiro, impedimos o mal, salvamos mais almas, somos úteis à religião e à sociedade civil, afastamos as desgraças corporais e espirituais, temporais e eternas da cabeça de muitas
pessoas, às quais, se tardia, a nossa caridade seria inútil.
Apraz-me repetir ainda uma vez, que não se trata de conveniência ou de conselho, mas de grave obrigação. O preceito da esmola é cotidiano, e obriga a dar o supérfluo aos pobres, vez por vez; se são indigentes, têm necessidade de alimento todos os dias. Horroriza ouvir contar que todos os anos, principalmente no coração do inverno, morrem de fome e de frio tantos infelizes! A sua morte horrível pede vingança contra aqueles ricos que talvez os tenham despedido de sua porta sem um auxílio, e quem sabe se com desdém os tenham
mandado trabalhar se quisessem comer.
Muito embora se tratasse de vadios, nós recebemos do mesmo modo a recompensa prometida por Jesus Cristo, se dermos esmola. Se, às vezes, falsos pobres nos enganassem,
nem por isso nós deixaremos de receber o prêmio temporal e espiritual prometido aos misericordiosos.
Determinemos, pois, dar esmola em vida enquanto temos tempo, forças e meios e não deixemos para o fazer na hora da morte. É agora que os pobres pedem o nosso auxílio, é
agora que os orfanatos esperam o nosso contributo para educar as crianças abandonadas; é agora que os hospitais esperam víveres, remédios para aumentar o bem que já fazem a tantos doentes; é agora que as missões católicas têm necessidade de meios para propagar a religião e a civilização entre os infiéis.
Santo Jó se alegrava com o pensamento de que sobre sua cabeça descesse a bênção do pobre que ele socorria. Os ricos que dão esmola experimentarão a mesma alegria e os mesmos favores.
S. Vicente de Paulo, o apóstolo da caridade, dizia: «Quem ama os pobres durante a vida, nada tem a temer na hora da morte; observei sempre isto, daí o insinuar esta máxima às pessoas a quem vejo angustiadas pelo pensamento da morte».
Várias espécies de esmolas
O nome de esmola abraça todas as obras de misericórdia espirituais e corporais. A Igreja enumera sete obras de caridade que dizem respeito ao corpo e sete ao espírito:
As corporais: Dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar pousada aos peregrinos; visitar os enfermos e encarcerados; remir os cativos; enterrar os mortos.
As espirituais são: Dar bom conselho; ensinar os ignorantes; castigar os que erram; consolar os aflitos; perdoar as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do próximo; rogar a Deus pelos vivos e defuntos.
Há ainda os hospitais, as obras pias, os orfanatos, as missões a socorrer; e quem dá dinheiro e roupa para sustentar as benéficas instituições pratica todas ou quase todas as obras de
misericórdia, porquanto aí os infelizes recebem remédios, alimento, vestuário e tudo de quanto necessitam.
Colégios fundados para abrigar órfãos ou crianças abandonadas, com o fim de adestrá-los em alguma arte ou ofício, merecem também ser ajudados com a esmola. Jesus ama
extremamente os meninos; e, quem os acolhe para educá-los e instruí-los, terá os seus favores mais escolhidos. Quantos jovens têm êxito esplêndido e tornam-se úteis à sociedade; ao passo que, se não fossem internados num colégio permaneceriam no
ócio e na miséria.
O jovem Hildebrando, filho dum pobre carpinteiro, tornou-se um Gregório VII, talvez o mais heróico dos pontífices antigos.
Giotto, socorrido por Cimabue, tornou-se de pastorzinho um excelente pintor.
Canova, de modelador um escultor de nomeada, com o auxílio do senador João Fallieri.
O Papa Xisto V era filho de pobres pais que o encarregaram de vigiar a grei; mas um franciscano descobriu o seu engenho, fê-lo estudar e o jovem correspondeu com
fidelidade. Ordenou-se, foi elevado à púrpura cardinalícia e finalmente eleito Papa, desenvolvendo uma atividade maravilhosa, compreendida no seu mote favorito: «Morrer em
pé».
S. Pedro Damião deveu também a sua grandeza a um parente que lhe custeou os estudos.
O célebre orador Massillon foi ajudado pela caridade dos fiéis, pela qual pôde fazer os seus estudos e tornar-se um dos príncipes da arte oratória.
O rico que socorre as obras pias, encontrará na outra vida uma messe abundante de obras santas. Entrando no Céu, será recebido por numerosas almas que o saudarão como seu
benfeitor. - «Nós somos», dir-lhe-ão alguns, radiantes de alegria, «órfãos que fomos acolhidos no colégio mantido com vossas esmolas». «Nós somos» exclamarão outros, «selvagens da África e da Oceania, que fomos instruídos e batizados por missionários enviados com os vossos abundantes socorros, para tirar-nos das trevas da idolatria. A vós devemos a nossa glória eterna».
E todas aquelas almas formarão o seu júbilo e a sua coroa por todos os séculos. Então ele bendirá a caridade feita e entoará um hino de perene agradecimento ao Altíssimo, que lhe
outorgou a graça de converter as riquezas terrenas em riquezas imarcescíveis do Céu.
Concluamos. No leito de morte devemos abandonar tudo e separar-nos do nosso dinheiro; há, porém, um meio de levá-lo além da sepultura e achá-lo multiplicado na outra vida: Dá-lo
aos pobres e às instituirões de caridade.
Quando um rico emigra para a América, vende os seus bens e o valor deposita em algum banco célebre de Paris ou de Londres, levando consigo um recibo mediante o qual, chegando ao Novo Continente, lhe dão o mesmo valor em outro banco em correspondência com o primeiro. E nisto usa prudência finíssima, porque se levasse consigo o dinheiro equivalente poderia ser roubado.
A vida presente é uma viagem para a eternidade. O rico que deseja encontrar os seus bens na Cidade do Paraíso, dê-os aos pobres, que são os banqueiros do Senhor.
A esmola é o banco mais vantajoso e infalível que dá cem por um no mundo e a glória eterna no Céu.
Servo de Deus André Beltrami
Dentro das possibilidades de cada um, ajudemos um pobrezinho do Senhor, alguma família ou instituição religiosa.
Com certeza não faltará NADA à quem der de coração à quem necessite.
Há mais alegria em dar do que em receber...
O simples acto de dar algo com amor e desprendimento, a pensar no bem e proveito do outro, nos torna mais felizes e atraimos mais benefícios à nós e aos nossos.
Jesus está presente naqueles que precisam da nossa ajuda e se podemos de alguma forma ajudar, não hesitemos.
Muitos são os que carecem materialmente, financeiramente e de que exercitemos as Obras de Misericórdia.
Todos por algum meio, pode e deve auxiliar, pois os verdadeiros tesouros estão no Céu, para a felicidade daqueles que na terra sabem dividir com os seus irmãos carenciados e doar aos necessitados que com muito amor apoiam e não pensam em acumular bens e dinheiro que passam e deixam para trás quando a morte chegar, desejando unicamente o bem dos outros, à espera de alguém que os ajudem.
Finalização de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos
Cada vez temos mãos egoístas, somente damos quando existem catástrofes. Bom artigo, parabéns.