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A Confiança

  • Foto do escritor: Conteúdos Católicos
    Conteúdos Católicos
  • 9 de abr.
  • 4 min de leitura

A alma confiante deve esperar a graça de atingir a perfeição


Ao limiar da vida espiritual a alma, com razão, pergunta-se

a si própria: posso chegar à perfeição?

O coração confiante deve responder com toda confiança:

Sim! chegarei à perfeição, não apoiado em mim mesmo, porém apoiado em Jesus.

Infelizmente, essa confiança custa a se aclimatar no coração frio e egoísta do homem. O defeito mais comum das almas religiosas, diz o venerável Padre Passerat, é a falta de confiança.

Se assim dizemos das pessoas consagradas a Deus, o que não devemos dizer daquelas que passam a vida absorvidas pelos cuidados do mundo!

E o que não faremos para mudar uma disposição tão deplorável do coração humano, sobretudo quando conhecemos a dor íntima que esta desconfiança dos homens causou a Nosso Senhor.

Mas o que importa mudar não é tanto o coração, mas o espírito, a convicção.

Muitas almas não têm uma ideia precisa da perfeição a adquirir. A santidade não é um ideal abstrato, invariável e único para todos.

É uma coisa concreta, peculiar a cada um. É o acordo entre duas vontades – a de Deus e a nossa –, um acordo extensivo a todos os detalhes da vida. A santidade é a reprodução de Nosso Senhor Jesus Cristo em nós, com os traços concretos, os matizes individuais exigidos de nós em particular.

Duas sementes destinadas a produzir a mesma espécie de flor não a produzem de maneira idêntica.

Nunca dois carvalhos foram absolutamente iguais entre si, sob todos os aspectos. Contudo, um e outro são produzidos por uma semente de igual natureza.

Todos os homens diferem entre si, de algum modo, ainda que todos pertençam à raça humana.

Cada cristão é chamado a imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, porque cada um recebeu no batismo o gérmen da vida sobrenatural: a graça santificante. Entretanto, cada um é chamado a imitá-Lo da maneira que lhe é pessoal. Cada um deve reproduzir, de sua maneira, tal e tal traço especial da infância, da vida pública ou da paixão do Salvador.

Está aí a variedade do mundo natural, e também a beleza do mundo das almas.

Quando uma alma, ao deixar a terra, realizou seu gênero de conformidade ao adorável Modelo, Jesus Cristo, é perfeita e é santa.

Os desígnios de Deus não são os mesmos para todas as almas. Deus não exige as mesmas obras de todo mundo. Dá a cada um sua medida. Quando a medida está cheia, seja ela grande ou pequena, a alma está perfeita.

Entre os anjos há diferença de perfeição. Os Tronos não são Serafins, os Arcanjos não são Dominações. Contudo, todos têm o grau de beleza e glória previstas por Deus.

Se um anjo da última hierarquia quisesse ser, no céu, semelhante aos Querubins, não seria santo, não realizaria os planos de Deus.

Na perfeição dos eleitos, no céu, há uma parte comum a todos e que tiveram que adquirir aqui na terra. É a fidelidade à ordem de Deus.

Há também uma parte particular a cada um. É o plano que Deus havia concebido para cada um em particular. Esta última marca a diferença entre os santos do céu.

A uns Deus prescreve coisas extraordinárias: jejuns, macerações, trabalhos a empreender, sofrimentos a suportar, perseguições a sofrer. A santidade dessas almas consiste em seguir esta vontade de Deus.

A outros, à maioria, prescreve um conjunto de coisas comuns: o cumprimento da sua tarefa cotidiana, a alegre aceitação das cruzes de cada dia. Sua santidade consiste em cumprir isso. Se conseguirem, a vontade de Deus a seu respeito estará completamente cumprida.

Assim, estamos em erro se só julgamos verdadeira a santidade dos grandes penitentes, ou dos anacoretas, ou dos mártires, ou dos homens célebres por suas ações heroicas ou pelo número dos seus milagres.

Essas almas seguiam, cada uma, um gênero especial de santidade, precisamente aquele que Deus lhes havia destinado.

Sua perfeição consistiu não na grandeza, na nobreza ou no esplendor das obras, mas na fidelidade cheia de amor em desempenhar essa tarefa.

Se encontrássemos uma alma que, na vida ordinária, tivesse sido mais fiel do que elas à ordem de Deus, as excederia em perfeição.

É precisamente essa verdade que a Providência parece querer pôr em realce nestes últimos tempos. Suscitou uma plêiade de almas santas sem nenhuma obra extraordinária, que não tiveram nem ocasião nem inspiração de se abater por penitência, que permanecem ignoradas e escondidas aos olhos dos seus contemporâneos. A santidade concreta, a única real, é a completa docilidade ao apelo da graça, a amorosa aceitação de todas as disposições da Providência para nós e para toda criatura, no tempo e na eternidade.

Qual a alma cristã não poderia chegar, com o tempo e ajudada pela graça, a fazer esse ato de perfeita doação? Qual a alma de boa vontade não poderia, com a mesma graça nunca recusada a quem a pede, prolongar a vida de adesão a Deus até a morte?


Jesus, criai em mim essa boa vontade, essa simples e filial confiança em Vós e em Vossa divina Mãe.

Vós sois meu bem amado Salvador. Não posso, por um instante sequer, supor que minha miséria e meu nada – a miséria e o nada de um verme da terra – sejam capazes de esgotar Vossa misericórdia e Vosso poder.

Quero, pois, entregar-me inteiramente a Vós. Quero causar-Vos a alegria de adivinhar todas as minhas necessidades e de provê-las antes que tenha tido tempo de Vo-las expor.

Quero dar-Vos a consolação de ter encontrado um coração que nunca duvida de Vossa bondade inesgotável.


A confiança ilimitada na Providência nos garante a natural e almejada perfeição.

Aos poucos o crente se aperfeiçoa e continuamente se modela ao Rei da Perfeição e numa segurança firme, se torna uma outra criatura, aquela desejada por Deus e confirmada na natureza humana de cada um.

Não são necessárias proezas extraordinárias, basta o querer e o lutar arduamente, amparado pela graça do Senhor que tudo transforma e se revela no ser.

Está ao alcance daqueles que verdadeiramente desejam o que Deus deseja e não se deixa vencer pelo contrário que o mundo tenta arrastar com a indiferença de tudo que inspira o bem e a verdade que o contradiz.

Levemos à sério e deixemos Deus agir em nós.


Finalização de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos


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